
“Tudo farei para cumprir as minhas funções com excelência” é com este espírito que Daniela Pereira assume as funções de selecionadora Nacional de Ciclismo Feminino de Estrada.
Daniela Pereira já assumiu as novas funções e diz-se “entusiasmada” com o desafio, referindo que “eu tenho uma imagem ideal do que gostaria que fosse o Ciclismo feminino em Portugal a médio prazo. No entanto, sei que há imenso trabalho a fazer para alcançar esse sonho”.
“Neste momento penso que o ideal é perceber o que leva tantas meninas a entrar nas Escolas de Ciclismo e o que acontece entretanto para que o número de atletas femininas que chegam aos escalões de competição seja diminuto”, disse Daniela Pereira, que adiantou: “junto com as Escolas/Clubes vamos tentar arranjar soluções para colmatar esse problema. Só depois de ter atletas é que conseguimos perceber quais são as expetativas delas e trabalhar para ter atletas competentes”.
O trabalho da nova selecionadora não se foca apenas nas Escolas e Daniela Pereira quer provas mais competitivas…
“Temos muitas atletas com idades mais avançadas, muito espalhadas por escalões menos competitivos. Na minha opinião, temos muitos pódios nacionais, mas não temos um bom nível competitivo”.
Afirmando que “essas atletas não podem ser descartadas do panorama competitivo”, Daniela Pereira referiu que “há que perceber as necessidades destas atletas e quem sabe se não teremos nas nossas Masters potencial para contribuir para um bom pelotão de Elites e, por consequência, provas nacionais mais consistentes e interessantes”.
Quanto aos escalões de competição… “É preciso criar oportunidades de competição e campeonatos mais competitivos nos escalões de Sub-17 a Elites, trabalho que já tem vindo a ser feito, mas que, mais uma vez, verificamos um abandono precoce. Há que perceber o porquê e o que é preciso para manter estas atletas motivadas para que tenham carreiras longas”.
Daniela Pereira considera que “este é todo um trabalho de base que tem de ser feito. A partir daí penso que de uma forma quase que automática o nível competitivo será mais alto”.
Daniela Pereira, que foi ciclista em várias vertentes e subiu ao pódio nas provas nacionais de Ciclismo de Estrada e representou a Seleção Nacional, confessa que “sonho com uma Taça de Portugal onde se justifique fazer corridas separadas por escalão, onde as atletas estrangeiras queiram participar e, fundamentalmente, onde as nossas atletas nacionais tenham destaque não pelo reduzido número de atletas, mas pela sua imensa qualidade” e adiantou que “só assim estarão reunidas as condições para termos portuguesas no World Tour, nos lugares cimeiros das competições internacionais e, sobretudo, termos meninas que ambicionem ser ciclistas profissionais porque sabem que é possível…”.
Resumindo “quero trabalhar de dentro para fora. Focar-me na base e acreditar que é possível crescermos e tornarmo-nos competitivas” referiu Daniela Pereira.
Qual vai ser o primeiro trabalho? “Neste momento o meu foco é reunir-me com as equipas e ouvir a perspetiva deles sobre esta temática das atletas femininas. Não só com os dirigentes, mas com as atletas”, disse a selecionadora nacional, que adiantou que “depois vamos dançando conforme a música. Perante o que for exposto, estabelecer objetivos e reunir sinergias para os atingir. Não vale a pena estar com ideias muito megalómanas, muitos sonhos… porque penso que a mudança tem de acontecer primeiro nas atletas”.
Motivada para este novo desafio? “Muito! Nunca imaginei que um dia viria a ser selecionadora. Sei que como diretora desportiva fiz um bom trabalho e foi um cargo que adorei desempenhar. Mas ter a responsabilidade da imagem de um país em determinada modalidade é um desafio fabuloso”.
“Proporem-me este desafio, ainda por cima para suceder a selecionadores como a Ana Rita ou José Luís Algarra, é ter uma linha muito ténue entre o assustador e o motivante” referiu Daniela Pereira, que garantiu que “tudo farei para cumprir as minhas funções com excelência”