“Está época não tem sido muito fácil” foi assim que Ricardo Vitoriano, treinador do SC Caminhense, começou por abordar a época da equipa de natação do clube de Caminha.
O grupo tinha regressado em outubro aos treinos na água depois de mais de oito meses sem treinar na piscina. Os nadadores, que ainda não tiveram hipótese de competir esta temporada – apenas participaram em provas virtuais – , estavam em franca recuperação, mas veem-se agora, novamente, impedidos de treinar, o que pode levar a novo retrocesso e quem sabe a alguns abandonos.
“Depois de um primeiro confinamento que nos levou pelas forças da circunstância a estar parados do trabalho de água uns meses, realizando apenas trabalho em seco, voltamos finalmente em outubro aos treinos na piscina de Vila Praia de Âncora. Sempre com uma série de cuidados e restrições, mas em segurança, uma vez que a piscina apresenta condições excecionais que nos permitem realizar todo o tipo de trabalho com o devido distanciamento”, começou por referir Ricardo Vitoriano.
O treinador do SC Caminhense lembra que “inicialmente notamos que muito do trabalho que estávamos a realizar na época anterior se tinha perdido, nomeadamente a parte mais técnica”, pois “é uma equipa bastante jovem e nesta fase esse trabalho é fundamental”.
“Estávamos a recuperar bem os atletas em todos os parâmetros de treino e eles estavam motivadíssimos para voltar a competir quando as primeiras provas foram, primeiramente, adiadas e depois canceladas”, disse Ricardo Vitoriano.
PARTICIPAÇÃO EM PROVAS VIRTUAIS
“Sentimos que os atletas estavam a necessitar de competir e voltar a sentir aquele pequeno nervosismo pré-competitivo. Como não víamos luz ao fundo do túnel fizemos então proposta à Associação de Natação do Minho para realizarmos provas virtuais, em que os atletas realizariam as provas cada um na sua piscina e depois a Associação compilaria todos os resultados e lançaria as classificações”, referiu o treinador do SC Caminhense.
Afirmando que “era nessa fase que estávamos quando voltamos novamente para casa”, Ricardo Vitoriano adiantou que “neste momento, estamos completamente parados e estamos a ver todo o trabalho até então realizado a voltar a desaparecer. Estamos a pensar voltar aos treinos físicos à distância para pelo menos mantermos a condição física dos atletas, mas sentimos que neste momento o que lhes fazia realmente falta é o trabalho de água”.
Ricardo Vitoriano lembra que até aqui “felizmente não tivemos desistências derivadas a esta situação, mas sentimos que esta nova paragem não ajudará em nada a mantermos todo o grupo”.
EMÍLIO GARMENDIA TREINA EQUIPA DE MASTERS
Para além dos escalões de Formação, o SC Caminhense conta com uma forte equipa de Masters, que, esta temporada, ganhou um novo treinador: o Campeão Nacional Emílio Garmendia (ex-EDV). Também neste escalão o clube de Caminha vê o trabalho interrompido e os objetivos suspensos…
“Tínhamos também o nosso grupo de Masters fortíssimo e a trabalhar para o Campeonato Nacional que seria no final de janeiro. Esta época o grupo estava reforçado com vários ex-atletas e com o novo técnico, Emílio Garmendia, atual Campeão Nacional Master, e que viram também todo o seu trabalho parado.
ESCOLAS PARADAS DESDE MARÇO
As Escolas do SC Caminhense estão paradas desde março, aquando do primeiro confinamento, o que impede o clube de captar novos atletas.
“As Escolas de Natação estão paradas desde meados de março, logo todo o processo de captação de novos atletas está parado e o futuro da secção, por tudo isto, congelado e à espera de que tudo volte à normalidade” refere o treinador do SC Caminhense.
Ricardo Vitoriano diz não compreender o que estão a fazer à modalidade e salienta que o futuro dos clubes e da própria Natação estão em perigo: “não conseguimos entender como uma modalidade que é considerada de baixo risco e em que não houve qualquer caso de surto inerente ao trabalho diário de treino possa estar parada, penhorando o futuro dos clubes e da própria modalidade. Aguardamos melhores dias”.