“Temos sido verdadeiros ‘Gverreiros do Minho’” é assim que Pedro Grenha classifica a postura e entrega de atletas e treinadores do SC Braga Basquetebol.
O clube, que tem como grande objetivo tornar-se uma referência do Basquetebol Nacional, está longe dos pavilhões há, praticamente, dois meses numa época toda ela atípica, que não permitiu até hoje treinos normais, o que, no fundo, acaba por levar à desmotivação e até à desistência de atletas da modalidade.
Pedro Grenha, treinador da equipa Sénior masculina do SC Braga, que nesta entrevista responde em conjunto com a coordenação técnica da secção, considera que “esta época desportiva será sempre recordada como uma época diferente”.
“Diferente por razões não tão positivas e por todos os desafios e restrições com que o desporto se deparou e se depara. Diferente porque, infelizmente, milhares de jovens se viram impedidos de competir. Diferente porque os treinadores tiveram que se reinventar para encontrar novas formas de cativar e motivar os seus atletas. Diferente porque os próprios atletas tiveram que se superar sem muitas vezes poder entrar no pavilhão”, disse Pedro Grenha, que adiantou: “nem tudo é negativo”.
“SER ATLETA É TAMBÉM TER DEDICAÇÃO EM TODAS AS OCASIÕES”
A Formação – exceto a recém criada equipa de Sub-21, que conseguiu realizar alguns jogos no Campeonato Distrital da ABB – está sem competição há um ano e os treinos, até janeiro, fizeram-se de forma muito individualizada. Vocês temem algum retrocesso no desenvolvimento dos atletas?
“É verdade que o desenvolvimento das capacidades técnico-táticas está muito limitado, no entanto, todas as semanas temos cerca de 100 atletas a treinar. Trabalham competências motoras, descobrem novas capacidades físicas e mentais e, acima de tudo, percebem que ser atleta é também ter dedicação em todas as ocasiões, conseguir superar-se e ter a coragem de nunca desistir” referiu Pedro Grenha, que salientou que “a pandemia permitiu conhecer, um pouco mais, da verdadeira capacidade mental de todos. E nisso, temos sido verdadeiros ‘Gverreiros do Minho’. Portanto, reconhecemos que a evolução tem sido notória, mas noutras capacidades, menos valorizadas noutros contextos”.
“MOTIVAR É ALGO DIFÍCIL, MAS AO MESMO TEMPO MÁGICO”
Como é motivar atletas quando não há competição? “Motivar é algo difícil, mas ao mesmo tempo mágico. Tudo começa na pessoa do atleta. Depois tem de haver um contexto favorável, pais que reconheçam a importância da prática desportiva, treinadores que sejam exemplo de compromisso e um clube organizado. Apesar de todas as contrariedades, temos reunido tudo isto, portanto, seguimos na luta para sermos o melhor que conseguirmos ser”.
Pedro Grenha salienta que o SC Braga Basquetebol tem, ao longo destes meses, lançado vários desafios aos atletas para os manter ligados ao clube e à modalidade….
“As estratégias de adesão aos treinos têm sido várias: desafios individuais, desafios coletivos, visualização de jogos, desenvolvimento de competências mentais, trabalho mais dirigido às capacidades físicas, estratégias lúdicas, etc. As equipas técnicas procuram diariamente novas soluções e demonstram uma vontade constante de partilhar conhecimento. Assim, tem sido possível continuar… com grande sucesso!”.
“VAMOS RETIRAR MUITAS COISAS POSITIVAS E CONSTRUIR UMA BASE MAIS SÓLITA PARA O FUTURO”
Apesar de todo o esforço da coordenação técnica da Formação, de todos os treinadores, o SC Braga sentiu a redução de atletas, algo expectável uma vez que a pandemia já dura há bastante tempo…
“Houve, naturalmente, uma redução do número de atletas. Mas em termos globais, nada que não fosse expectável e que comprometa a sustentabilidade da secção. Em números, é difícil precisar pois não sabemos se são desistências ou interrupções, mas foi uniforme por todos os escalões. Contudo, surpreendentemente, também tivemos retomas de atletas que tinham suspendido atividade e até novas entradas de atletas que decidiram vir experimentar. Apenas quando regressarmos ao pavilhão, saberemos a dimensão verdadeira destes números”.
Pedro Grenha e a coordenação técnica da secção estão, no entanto, otimistas quanto ao futuro dado o empenho e entrega dos atletas: “estamos otimistas. Temos assistido a treinos diferentes e ao desenvolvimento de novas capacidades em treinadores e atletas. No final, vamos certamente retirar muitas coisas positivas e construir uma base mais sólida para o futuro”.