A Associação Desportiva de Fafe continua a aguardar uma resposta da Câmara Municipal de Fafe para o regresso faseado dos nadadores aos trabalhos na piscina. O clube solicitou ao município a autorização para o regresso no passado dia 18 de maio, mas ainda não obteve resposta, esperando-se novidades para esta semana.
De referir que a AD Fafe conta nas suas fileiras com um nadador da Seleção Nacional, José Luís Gonçalves, que por decreto está autorizado a frequentar as instalações desportivas, mas em Fafe o impasse mantém-se…
“NADADORES ESTÃO MUITO MOTIVADOS, UNIDOS, MAS CONFUSOS”
Rui Ribeiro, coordenador técnico da secção de natação da AD Fafe garante que os atletas estão motivados, mas confusos…
“Os nadadores estão muito motivados e unidos, mas confusos” começou por referir Rui Ribeiro, que adiantou: “os treinadores dizem-lhes que têm tanta vontade como eles de regressar em segurança aos treinos, mas não veem progressos há mais de duas semanas”.
Rui Ribeiro lembra que “temos o caso específico do José Gonçalves, nadador da seleção nacional, que está autorizado a treinar pelas entidades responsáveis nacionais há duas semanas, mas se o quiser fazer na sua terra não pode, na terra que sempre representou ao mais alto nível. Cria uma sensação estranha no nadador… o nome da cidade que carrega na touca em letras maiúsculas significa mais para ele do que o inverso. Pessoalmente não creio que seja o caso, mas é essa a sensação que os nadadores ficam por não terem qualquer resposta, positiva ou negativa, até ao momento”.
“ISTO É INJUSTO”
“Isto é injusto, porque nos outros locais a dinâmica de quem pode decidir foi outra e os seus colegas de seleção já estão a treinar”, disse ainda aquele responsável.
Os treinadores da AD Fafe têm estado em contacto permanente na preparação do regresso às atividades com a maior segurança para todos os nossos técnicos, nadadores e alunos. Enquanto não têm autorização para regressar à piscina, os nadadores fafenses vão treinando em grupo aonde e conforme podem…
“Hoje mesmo vamos treinar no sintético e temos uma atividade planeada em conjunto com as modalidades de combate da ADF, em princípio para o final desta semana. No entanto, estes peixinhos estão fora de água há muito tempo e não tem sido fácil gerir a ansiedade que eles sentem”.
“ISTO VAI TER EFEITOS MUITO VISÍVEIS”
Rui Ribeiro está ciente que esta longa ausência da água vai deixar marcas inimagináveis: “os nadadores costumam parar três a cinco semanas no verão e mesmo aí continuam sempre a contactar com a água, seja no mar, na piscina ou outros. Nunca estiveram 12 semanas sem qualquer contacto com o meio aquático. Isto vai ter efeitos muito visíveis ao nível fisiológico, biomecânico, psicológico e não só” e exemplificou: “imagine-se presa de forma forçada a uma cadeira de rodas durante 12 semanas, sem qualquer atividade dos membros inferiores. Quando tentar levantar-se, o mais provável é cair imediatamente, quase como se os músculos não soubessem o que têm que fazer, porque não sabem mesmo, esqueceram-se. Aqui é igual. O tombo será grande, mas os nadadores são geralmente muito resilientes e saberão lutar com todas as suas forças para ultrapassar este desafio hercúleo. Com paciência e muita união, a recuperação será mais rápida”.
Rui Ribeiro lembrou que “no dia 24 de abril a FPN já estabeleceu um conjunto de recomendações para a reabertura e funcionamento das piscinas, o que nos dá, junto com as medidas que vêm sido anunciadas e os exemplos de outras piscinas, uma base muito boa para regressar em segurança”.
PRÓXIMA ÉPOCA COMPROMETIDA? “PENSO QUE NÃO”
A época 2019/2020 foi interrompida, praticamente, a meio e numa altura em que os clubes se preparavam para lutar pelos objetivos traçados para a segunda fase. Agora fica a questão se a nova temporada pode também estar comprometida?
“Penso que não. Apesar de tudo, os clubes estão todos com dificuldades e a FPN está solidária com os clubes. Sabemos que a preparação inicial dos nadadores demorará mais do que o normal, mas eles irão regressar ainda mais fortes. Podemos é estar a potenciar o abandono…”, mas Rui Ribeiro acredita que isso não acontecerá na AD Fafe “depende do que nós fizermos pelos nossos nadadores. Eles contam connosco para continuarem a fazer o que mais gostam”.
No entanto, é de esperar que alguns dos atletas mais novos possam não continuar por várias razões: “a longo prazo podemos vir a ter consequências na competição, naturalmente”.