A SAERTEX Portugal/Edaetech já regressou aos treinos na estrada, depois de mais de dois meses a trabalhar de forma limitada devido à pandemia do Covid-19.
O primeiro treino na estrada, feito há duas semanas, foi abençoado “a primeira vez que fomos para a estrada depois do confinamento fomos apanhados por uma chuvada” começou por referir Carlos Rocha, presidente da equipa vianense.
Carlos Rocha, Vice-Campeão do Minho de Master 35, confessa que “já tinha imensas saudades de treinar na estrada e na companhia dos meus colegas de equipa. Treinar nos rolos não é para mim, não me sinto nada confortável”.
O responsável pela equipa de Viana do Castelo considera que “o desporto é das melhores coisas para combater as doenças e esta na linha da frente para contrariar o vírus do Covid-19. É importante praticar desporto e ter hábitos saudáveis para se reforçar o sistema imunitário e o ciclismo é dos desportos mais saudáveis porque se pratica ao ar livre, na estrada ou no monte”.
“COMPLICADO TREINAR SEM OBJETIVOS”
Para Carlos Rocha o mais complicado “é estar a cumprir planos de treino sem objetivos definidos porque o calendário de provas continua uma incógnita” e adiantou: “não se entende o silêncio da FPC. É certo que as provas estão suspensas até ao final do mês, mas depois não se sabe mais nada. Se vamos ter competições, se vão ser canceladas as provas deste ano. Não é fácil andar a manter a forma sem um objetivo”.
O presidente da SAERTEX lembra que “há organizações que já estão a remarcar algumas provas para setembro e outubro, mas a nível oficial a FPC não deu qualquer informação e até se pode começar a falar das provas de estrada, mas de BTT nada”.
De resto, “correm rumores que, por exemplo, o Campeonato Nacional não vai ser realizado e nós andamos a treinar para participar nessas provas. A FPC já deveria ter comunicado as suas decisões. A falta de comunicação com os clubes é enorme. Pôs alguns conselhos sobre o Covid-19, organizou umas formações e teve algumas iniciativas, mas informações sobre o ciclismo, a possibilidade de haver ou não provas, nada”.
“CICLISMO, PROFISSIONAL OU NÃO, ESTÁ A PASSAR UMA FASE MÁ”
“O ciclismo, profissional ou não, está a passar uma fase má. As equipas vão sofrer cortes ao nível dos patrocínios e as Câmaras Municipais começam a dizer que há coisas mais importantes, que apoiar uma equipa de ciclismo nesta altura. Por isso, é importante definir um calendário. Quanto mais atrasarmos as coisas, mais difícil vai ficar a situação e estamos a inviabilizar as próximas épocas”, referiu Carlos Rocha.
O responsável da SAERTEX referiu mesmo que “no nosso caso já temos um patrocinador que desistiu. A Câmara Municipal de Viana do Castelo suspendeu todos os protocolos que tinha, ou seja, neste momento não estamos a receber nada. Para já apenas um dos nossos patrocinadores, a SAERTEX, que é uma multinacional alemã, é que não cortou ou suspendeu o apoio. Todos os outros a situação e mais complicada e eu não tenho argumentos para, pelo menos, renegociar o contrato porque não tenho um calendário definido”.
Carlos Rocha lembra que a equipa já teve as duas despesas: “fizemos as filiações e os equipamentos, temos os gastos referentes a algumas provas que disputamos no início do ano. Mas, entretanto, deixou de haver provas e não tenho com que justificar o restante valor acordado com os patrocinadores, acabo por não ter moral para pedir o que está acordado”.
“ERA IMPORTANTE QUE A FPC TOMASSE UMA DECISÃO”
“Era importante que a FPC tomasse uma decisão antes do final do mês sobre o regresso das provas para nós podermos renegociar com os patrocinadores. Se continuarmos nesta incógnita mais um ou dois meses, muitas equipas não vão resistir”.
Carlos Rocha referiu ainda que “ninguém está a pôr em questão a decisão que a FPC vai tomar, nem estamos obcecados por competir, queremos é uma decisão para saber o que vamos fazer. Temos contratos assumidos, escritos e com bases nas clausulas de rescisão, as empresas podem rescindir os contratos. Estou convencido que a nível de equipas e patrocinadores haverá abertura para renegociar, mas é preciso saber o que nos espera”.
“Este impasse é prejudicial para o ciclismo e entendo que, neste momento, equipas e atletas estão meio abandonados, não há feedback por quem deveria dizer alguma coisa”, referiu aquele responsável.
AS POSSIBILIDADES DE SE REALIZAREM AS PROVAS
Carlos Rocha é da opinião que “existe uma possibilidade grande de se efetuar provas em segurança, com partidas separadas como acontece no Nacional, com horários separados entre as categorias. Tudo isso dá para se fazer, assim como terá de haver uma solução para os banhos, porque quem vai competir tem que tomar o seu banho no final da prova”.
Na opinião do responsável pela SAERTEX as provas podem ser feitas por etapas… “uma das possibilidades de se arrancar com as provas é o sistema que houve o ano passado, outra passa por se realizarem duas, três provas regionais, que sempre tem menos atletas, mas que possam contar para a Taça de Portugal e para o Campeonato do Minho. Nessas provas regionais só poderem entrar atletas inscritos na Associação ou quanto muito juntar-se duas Associações. Assim evitava-se o aglomerado de pessoas, as deslocações eram mais curtas e os atletas estavam perto de casa e já podiam ir tomar banho a casa. Depois realizar-se apenas uma ou duas provas da Taça organizadas pela FPC”.
Para Carlos Rocha “é importante que se tome uma decisão. Eu gosto de andar de bicicleta, da adrenalina, mas andar a treinar sem saber se vamos ter competições é cansativo. O treino traz desgaste físico e a incógnita de haver competições provoca um desgaste mental muito grande. Quem gosta de andar de bicicleta vai continuar a fazê-lo mesmo sem competições, mas sabendo o que nos espera vamos curtir o passeio de outra fora”.
“Neste momento tentamos incentivar o pessoal para manter a forma, treinar com cabeça, sem grandes sacrifícios, mas a incógnita sobre as provas provoca muita ansiedade e desgaste”.