ENTREVISTAS

Miguel Noivo, o treinador ‘Campeão’ que sonha orientar uma equipa Sénior

Miguel Noivo é um dos treinadores jovens com mais títulos conquistados nos Campeonatos Distritais da Associação de Basquetebol de Braga. Ao todo já conquistou quatro títulos em três escalões diferentes (Sub-14, Sub-16 e Sub-18) e levou o ‘seu’ SC Braga a disputar os Campeonatos ou Taças Nacionais.

À entrada para mais uma época fomos conhecer o treinador, que foi jogador e realizou o sonho de jogar na Proliga. Miguel Noivo entrou no Basquetebol e no SC Braga com 10 anos, por influência do pai. Conciliou o papel de jogador e treinador durante três anos, mas a vida profissional obrigou-o a escolher. Optou pelo papel de treinador e tem-se revelado um dos mais promissores (já com muitas provas dadas) treinadores jovens da ABB.

MIGUEL NOIVO, QUEM É

Nome: João Miguel Amorim Noivo

Idade: 28 anos

Profissão: Engenheiro Informático

Ambições/Sonhos: Treinar uma equipa Sénior

DESPORTIVO DO MINHO: Quem é o Miguel Noivo? Como se define?

MIGUEL NOIVO: Curioso e que tem gosto em aprender e discutir ideias/ pontos de vista diferentes. Não gosto de perder, mas reconheço quando o adversário é superior. Gosto de mandar umas piadas, mas não é certo que façam rir. Gosto de comer hambúrgueres e ver um jogo de Basquetebol. Passar tempo com os amigos/ família sempre que possível.

DM: Como ingressou no Basquetebol?

MN: O meu pai levou-me a experimentar o Basquetebol.

DM: Que idade tinha?

MN: Tinha 10 anos.

DM: Porque o Basquetebol?

MN: Porque o meu pai já tinha jogado. Na altura ainda praticava Natação, mas acabei por ficar só pelo Basquetebol. Depois de ganhar o gosto pela modalidade foi difícil largar.

DM: Como foi a carreira de jogador?

MN: Fiz todos os escalões da Formação, começando no Minibasquete até ao escalão de Seniores do SC Braga.

DM: Qual foi aquele que considera o ponto alto da carreira como jogador?

MN: Na Formação, a ida às Seleções Distritais, são sempre momentos muito competitivos e cheios de diversão. No escalão Sénior foi disputar a competição da Proliga.

DM: Quais as melhores experiências e as que o marcaram negativamente como jogador?

MN: As melhores experiências foi a ida em representação de Portugal a nível Universitário a Roterdão e Zagreb, ambas as vezes marcadas por um ambiente espetacular e competitivo.

As marcas mais negativas, estão ligadas a lesões, principalmente, quando fui a Albufeira em Sub-16, no meu segundo ano do escalão. Lesionei-me no primeiro jogo e acabei por só conseguir jogar o último jogo da competição.

DM: Quantos títulos conseguiu como jogador? E presenças nos Campeonatos Nacionais?

MN: Consegui alguns títulos de Campeão Distrital, penso terem sido três no total. A nível de Campeonato Nacional, infelizmente só joguei no escalão de Sub-20 e adorei a experiência. Adorei ter a oportunidade de jogar contra os melhores jogadores nacionais. Atualmente esta competição já não existe.

DM: Como surgiu a oportunidade de também começar a treinar?

MN: Havia falta de pessoas a colaborar no papel de treinador e, na altura, o meu pai lançou-me o desafio. Foi uma ótima experiência e importante para a minha formação.

DM: Como foi dividir-se entre jogar e treinar? Quantos anos o conseguiu fazer?

MN: Foi um bom desafio que me obrigou a planear o meu tempo de forma diferente e fazer escolhas difíceis, mas no final os sacrifícios valeram a pena. Nem sempre conseguia dar 100 por cento de mim tanto fisicamente como mentalmente enquanto jogava, mas era uma consequência da minha escolha e tive de aprender a lidar com isso. Foram três anos a jogar e treinar, mas não consecutivos, fiz uma pausa de um ano só a dar treinos.

O apoio da família é fundamental para se conseguir realizar estas atividades em simultâneo!

DM: O que o cativa mais: jogar ou treinar?

MN: Gosto bastante das duas. A parte de jogar desperta o meu lado mais competitivo, por outro lado, o treinar traz uma sensação de partilha de conhecimento e evolução, ao acompanhar o desenvolvimento dos atletas.

DM: Quando e o que o levou a deixar de jogar e dedicar-se apenas a treinar?

MN: O momento-chave, foi quando entrei para o mundo do trabalho. Sabia que tinha de tomar uma decisão se queria fazer algo bem feito. Após a oportunidade de jogar na Proliga, senti-me realizado no papel de jogador, sempre tive essa ambição de jogar uma competição mais intensa.

DM: Quantos títulos conseguiu como treinador? E presenças nos Campeonatos Nacionais? Taças Nacionais?

MN: Consegui quatro títulos de Campeão Distrital. Tive duas presenças no Campeonato Nacional e duas presenças na Taça Nacional.

DM: O que é para si mais importante como treinador?

MN: Os valores e o atleta. Os valores que acredito serem fundamentais para conseguirmos estar alinhados desde o início, podem falhar as bolas, mas não podem falhar nos valores que temos definidos. No fim da época, crescem como atletas, mas, sem dúvida que, o mais gratificante é vê-los a crescer como pessoas.

Em relação ao atleta, o indivíduo, tem características únicas e o papel do treinador é perceber como o pode estimular e fazê-lo crescer, criar desafios e tirá-lo da zona de conforto, estando sempre pronto para “ajudá-lo a levantar quando cair”.

DM: Já passou por todos os escalões de Formação… o que gosta mais? Quais são os principais desafios?

MN: O que mais me cativa é ver uma equipa coesa, boa comunicação e todos a trabalharem em conjunto. Nos escalões mais baixos gosto de observar mais os recursos técnicos e táticos individuais, o à-vontade que o jogador tem com a bola e o que faz quando não tem a bola e claro, se cumpre com o seu papel defensivo.

Nos escalões mais acima, foco-me mais nas dinâmicas da equipa, como procuram os seus pontos fortes e o que fazem para anular os seus pontos fracos, tanto ofensivamente como defensivamente.

DM: Estes anos todos… houve alguma equipa, alguma época que o tenha marcado mais?

MN: A última época em que estive nos Sub-18 foi a que mais me marcou. Não propriamente pelo escalão em si, mas por ter acompanhado a geração desde Sub-14. Ter visto os diferentes momentos de crescimento dos atletas e a sua evolução na modalidade foi bastante gratificante.

DM: Quais as ambições que tem no Basquetebol?

MN: Após ter completado o último objetivo, tirar o nível 3, agora é aperfeiçoar a formação. Conseguirmos ter uma estrutura que realmente permita aos atletas treinar com qualidade para, se tiverem as condições necessárias, puderem jogar a um bom nível. E aqui tenho como referência sempre a Espanha e o trabalho lá desenvolvido.

DM: Para quem foi jogador e é há uns anos treinador da Formação… que opinião tem não só dos Campeonatos da ABB, mas da forma como se apuram as equipas para as competições nacionais.

MN: Em relação aos campeonatos da ABB têm vindo a subir o nível de qualidade e quantidade referente ao número de equipas. O que são sinais bastante positivos para o futuro da modalidade no distrito. Temos é de procurar sempre fazer melhor e ter referências para surgirem novas ideias, como o distrito do Porto que, neste momento, está a trabalhar muito bem nos escalões de Formação.

Em relação ao apuramento para as competições nacionais, normalmente é variável consoante o número de equipas e as vagas disponíveis. Não acredito em soluções perfeitas, depende sempre de cada situação, por isso, sempre que não estamos de acordo com o modelo apresentado procuramos criar uma alternativa e apresentá-la aos responsáveis para avaliarem e tomarem a melhor decisão.

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