O AVC Famalicão sai reforçado da situação pandémica que afetou o mundo. Apesar da paragem obrigatória, que já ultrapassou os dois meses, o conjunto de Famalicão viu as suas atletas fidelizarem-se ao clube e ao projeto. Ao mesmo tempo tem sido contactado por outras atletas interessadas em ingressar no projeto de Voleibol Feminino de Famalicão.
“As nossas atletas fidelizaram-se na pior crise que passamos e que nos afastou a todos da normalidade que conhecíamos”, começou por referir Paulo Marques, coordenador técnico do AVC Famalicão.
“É GRATIFICANTE SENTIR A PUJANÇA DO CLUBE”
Durante este período de confinamento, o AVC Famalicão foi mantendo o contacto com as atletas e Paulo Marques garante que “elas estão fidelizadas ao projeto”, aliás “o feedback vindo das atletas é muito positivo, todas elas querem continuar e temos recebido, no clube, telefonemas de atletas que querem vir para o AVC Famalicão e isto numa altura em que as competições estão paradas”.
“Esta é uma situação ímpar para todos nós e sentir o carinho, a atenção e a solidariedade das atletas e dos pais das atletas faz-nos sentir satisfeitos. É sinal de que estamos a fazer um trabalho bem feito”, referiu Paulo Marques, que confessa que “é gratificante sentir a pujança do clube”.
PARAGEM PODE DEIXAR MARCAS
Se em termos de equipas, o AVC Famalicão acredita na continuidade das atletas, Paulo Marques sabe que a paragem pode deixar outras marcas: “o voleibol é um desporto de cariz muito específico, como todos os que não têm a apreensão da bola. Tem que se ter em atenção várias coisas. Quando regressarmos teremos que ter o nosso tempo de treino e com motivação e empenho vamos recuperar. Se calhar estou mais preocupado com as mais velhinhas, as Seniores e as Sub-21, que, por vários motivos, possam ter-se desligado mais do seu trato físico ou não tiveram estímulos suficientes”.
De resto, o AVC Famalicão tem passado a mensagem para que todas se mantenham ativas: “aquilo que tentamos passar a todas elas é que se mantenham o melhor possível. Quanto ao plano de treinos temos noção que ninguém tem estímulos suficientes para os seguir sem ter competição à vista”.
O coordenador técnico do AVC de Famalicão está, no entanto, otimista quanto ao regresso aos treinos… “com os estudos que vão saindo começamos a ver uma luz mais intensa ao fundo do túnel. Se se comprovar que o vírus não sobrevive nos objetos muita coisa vai mudar e podemos regressar mais cedo aos treinos. Quem sabe daqui a um mês, mês e meio poderemos estar de regresso aos pavilhões. Vamos ver como evoluem as coisas, se esses estudos se comprovam. Era um passo importante que nos permitiria até fazer uma pré-pré-época e as perdas não seriam substanciais”.
“TODAS AS EQUIPAS VÃO SER REFORÇADAS”
Quanto ao futuro “está a ser preparado com muita atenção” referiu Paulo Marques, que garantiu que “todas as equipas vão ser reforçadas. Apesar desta pandemia, que nos impediu de trabalhar naturalmente, conseguimos fidelizar as atletas e cativar outras que se têm mostrado interessadas em vir para o AVC Famalicão. Vamos continuar a ter uma equipa de referência no Voleibol feminino, uma equipa que dignifique o clube e a cidade”.
Paulo Marques confirmou ainda que há interesse que todos os treinadores continuem no clube, podendo entrar mais um ou dois, mas são questões que estão a ser ainda abordadas.
Importante para Paulo Marques e para o próprio projeto do AVC Famalicão é que as atletas “consigam terminar com sucesso a sua carreira escolar. Para nós é importante que elas olhem para trás e vejam o percurso que fizeram no clube e nos estudos. Felizmente, esta é a nossa ideia, somos um clube de princípios, compromisso e confiança”.
“DEMASIADO RUÍDO EM REDOR DO VOLEIBOL”
Com todas as competições da época 2019/20 encerradas, as atenções estão centradas no arranque da próxima época e nem todos estão de acordo.
Paulo Marques considera que continua a haver “demasiado ruído” quando se deveria estar ‘’a olhar na floresta e não para a árvore’’.
“Na minha ótica devíamos assumir que esta foi uma época de treino em competição, sem vencedores, nem vencidos. Assumir que todos ganhamos na formação e na competição que tivemos, assim ninguém sairia frustrado”.
“Infelizmente surgiu esta pandemia e obrigou-nos a todos a alterar os planos. As decisões que se tomaram foram a pensar nas pessoas, que afinal de contas são o centro da nossa atividade e só depois vêm as entidades, os clubes, os patrocinadores e tudo o que envolve o desporto” referiu o coordenador do Voleibol do AVC de Famalicão.
Paulo Marques aceita que todos têm direito à sua opinião, mas lamenta que haja ainda muito ‘ruído’ em torno das competições.
“A MELHOR DECISÃO SERIA A DE NÃO HAVER CAMPEÕES, SUBIDAS E DESCIDAS”
“A decisão que tomaram de encerrar as competições foi a mais correta, mas penso que se deixaram algumas pontas soltas que permitem que ainda hoje haja muito ‘ruído’ em torno do Voleibol. A melhor decisão seria a de não haver campeões, subidas e descidas, terminava-se a época. Agora o que vemos é cada a olhar para o seu umbigo. É legítimo que cada equipa lute pelas suas pretensões, mas por tudo o que estamos a passar e para bem do Voleibol, deveríamos olhar para a modalidade e não para os objetivos de cada um”.
“O AVC Famalicão também tinha os seus objetivos. Estava apurado para o Play-off onde iria lutar pelo título de Campeão Nacional. As Sub-21 almejava apurar-se para Final8, onde iria lutar pelos lugares que dariam acesso ao Campeonato Nacional da I Divisão da categoria. As Juniores e as Cadetes estavam no bom caminho. Tínhamos ainda duas equipas no Torneio AVP com uma boa evolução”, mas ‘’isso é o menos importante nesta altura. O importante são as pessoas e a prioridade é a saúde”.
Com o aparecimento do vírus e a suspensão de toda a atividade desportiva “interrompe-se um ciclo natural, mas a verdade é que todos padecemos do mesmo e da mesma forma. O melhor foi mesmo ter encerrado as atividades porque são as pessoas que interessam, sempre. As atletas, os pais das atletas são a mola da formação, do desporto”.
“Quando voltarmos temos que estar o melhor possível. Todos investiram sem garantias de ganhar ou perder, todos desfrutaram. Agora temos que ‘construir pontes de modo a que os abismos não persistam’. Teremos que reinventar o treino e cuidar da segurança para voltarmos com confiança. Resiliência e altruísmo serão fundamentais”.