O Pavilhão Municipal de Viana do Castelo recebe no próximo fim de semana o Torneio Internacional José Natário para Seleções Sub-15 em Hóquei em Patins.
Em competição vão estar as Seleções da AP Minho, AP Porto, AP Aveiro e a Seleção Galega. O torneio serve de preparação para o Torneio Inter-Regiões, que deverá realizar-se no final do mês.
O Torneio Internacional José Natário acaba por substituir o Torneio de Carnaval, que a Associação de Patinagem do Minho, costumava realizar e que dava seguimento aos torneios de preparação das Seleções do Norte (Torneio de Natal e Torneio de Reis).
FILIPE ANDRÉ CARNEIRO: “TODOS ESTAMOS A DAR O MELHOR PARA A EQUIPA ESTAR EM CONDIÇÕES DE SER COMPETITIVA”
Filipe André Carneiro, selecionador Regional da AP Minho, parte para este torneio com alguma apreensão, pois a preparação não tem sido a desejável…
“A preparação para o torneio não tem sido a ideal nem aquilo que gostaria enquanto treinador, mas está a ser a possível e dentro disso estamos todos a dar o melhor para a equipa estar em condições de ser competitiva”.
O que se pretende para este torneio? “O que pretendemos nesta fase é perceber em que ponto a equipa está, dar rodagem aos atletas e lutar pela vitória em todos os jogos! Mesmo com as dificuldades que temos encontrado a nível de calendarização entre provas e treinos, tenho a certeza que mentalmente a equipa vai estar preparada para todos os confrontos”, disse Filipe André Carneiro.
SELECIONADOR CRÍTICO COM CALENDARIZAÇÃO
O selecionador da AP Minho mostrou-se crítico com a calendarização da época e o método de apuramento para o Campeonato Nacional. “Era bom que as Associações e a Federação olhassem com vontade de fazerem melhor serviço pelo Hóquei em Patins. Não faz sentido nenhum este método de apuramento para o Campeonato Nacional, a calendarização da época prejudica demasiado a logística de todas as provas associativas e não vejo maneira nem vontade a quem de direito de se sentar e falar abertamente sobre o que será melhor para todos e acima de tudo para Hóquei em Patins!”.
Considera que os responsáveis estão a esquecer-se da Formação? “Sim, não tenho dúvida nenhuma que estamos perante um desinteresse total nessa temática. Não existem novos modelos ou adequação dos modelos atuais, estamos demasiados preocupados com a competição e cada vez menos a defender a Formação. Todos querem ganhar e é só ganhar que importa, descurando-se a parte do processo formativo”, disse Filipe André Carneiro, que adianta que “devia ser imperativo que existissem regras que protegessem os praticantes e os clubes formadores, porque da forma que as regras estão criadas, vamos ser francos, quem é que está preocupado em investir na Formação, se passados dois ou três anos os atletas podem sair todos para outro clube a troco de nada? Vamos ser realistas, ninguém no seu perfeito juízo vai investir na Formação sabendo de antemão dos riscos que corre. Depois vende-se a ideia do melhor campeonato do Mundo na I Divisão e esquece-se que no resto temos a modalidade a prazo”.
“O MELHOR CAMPEONATO DO MUNDO ESTARÁ DEPENDENTE DA FORMA COMO SE TRATA ATUALMENTE A FORMAÇÃO”
O selecionador da AP Minho refere que “pelo menos a médio/longo prazo o melhor campeonato do mundo estará muito dependente da forma como se trata atualmente a Formação. As duas deveriam estar ligadas e a preocupação e o foco deveria ser o mesmo para os dois lados…se desinvestimos na Formação e não criamos regras que atraiam investimento nos clubes, muito dificilmente o futuro será próspero…Julgo que ninguém vai estar a investir a fundo perdido para sempre, esse tempo já lá vai e é preciso criar mecanismos para que a competitividade seja ajustada a todas as realidades e, acima de tudo, que haja mais justiça pelo trabalho desenvolvido nos clubes”.
O que é preciso fazer para retificar tudo isso? “Em primeiro lugar é preciso que os agentes desportivos – clubes, associados e federação – queiram realmente fazer acontecer! Não é só queixar-se nos corredores e ver um desabafo aqui e acolá nas redes sociais, é preciso haver comunicação e haver abertura nesse sentido. Todos os que cá andam amam esta modalidade, e o meu maior medo é a inatividade, a acomodação que verificámos ao longo do tempo”, referiu o Filipe André Carneiro, que adiantou que “há que criar equipas de trabalho, comissões, o que seja, mas que tenham capacidade de ouvir e irem para o terreno perceberem quais são as dores dos clubes, onde sentem maiores dificuldades, perceber porque estamos a perder cada vez mais praticantes. Para, depois, em conjunto criar-se algo que vai ajudar a superar essas dores e essas dificuldades…mas sem vontade, e a cantar o triste fado não se vai resolver absolutamente nada”.
Filipe André Carneiro, que conhece bem a realidade do Hóquei em Patins e da Formação, acredita que “ainda vamos a tempo de retificar desde que haja vontade”, mas salienta que “o tempo está a terminar”.