Flávio Fernandes, então a correr pela ACR Roriz, foi o último grande vencedor do Prémio ACR Roriz, também conhecido pelo “Roriz Roubaix”, numa alusão ao piso e percurso que faz lembrar a clássica francesa.
O ciclista de Roriz venceu isolado a prova de 75 quilómetros, rolando a solo cerca de 50 quilómetros e levando ao rubro o muito público das várias freguesias por onde passou a corrida, que fez questão, em todas as voltas, de mostrar o apoio ao atleta da casa.
Dois anos depois – o Prémio ACR Roriz esteve suspenso devido à pandemia – a mítica corrida do calendário da Associação de Ciclismo do Minho regressa à estrada e Flávio Fernandes, que, entretanto, abandonou o Ciclismo, vai estar presente…
“VOU LÁ ESTAR PARA DAR O MESMO APOIO QUE ME DERAM…”
“Vou lá estar para recordar ao vivo a minha vitória e para dar o mesmo apoio que me deram quando fui eu em cima da bicicleta”, disse Flávio Fernandes, que, garante, recordar-se, perfeitamente, do dia 14 de julho de 2019…
“Recordo-me de, praticamente, tudo… desde o momento antes da prova em que estávamos a ajustar a pressão dos pneus por causa de ser tanto empedrado… O início da prova atribulado em que todos queriam estar na frente para evitar cortes logo no início. De alguns imprevistos por parte do Lucas Braga que ia na fuga inicial e sentiu-se mal, tendo que abandonar”, disse Flávio Fernandes, que continuou: “lembro-me do momento em que ataquei… e quando cheguei à meta com todo aquele apoio fenomenal dos rorisenses e em especial o meu pai que estava lá também a apoiar-me”.
“SÓ INTERIORIZEI QUE IA GANHAR NOS ÚLTIMOS METROS”
Foi uma corrida quase a solo, como foi gerir a corrida sozinho? “No momento em que fiquei isolado nunca pensei que fosse ganhar a corrida. Tinha em mente as três metas volantes. Lembro-me que houve um grupo que se aproximou de mim e o César veio-me dizer para gerir o esforço caso eles me alcançassem” recorda Flávio Fernandes, que adiantou que “as voltas foram passando e continuava sozinho a dar tudo porque mesmo que não ganhasse já não tinha nada a perder… pelo menos já tinha as metas volantes. Acho que só interiorizei que ia ganhar a corrida mesmo nos últimos metros”.
“Mas foi uma corrida bastante dura… acho que o apoio que ia recebendo foi mesmo um ponto chave porque fazia com que desse o meu melhor e havia sempre um grupo de pessoas a puxar por mim em todo o percurso”.
O APOIO DO PAI E A VITÓRIA EM CASA
Pode-se dizer que foi uma das tuas melhores corridas, ou pelo menos, uma das que te deixou mais memórias? “Sim, para mim foi mesmo a melhor corrida… Por ser em Roriz, e pelas memórias que deixou em mim e acho que em todos os que estavam a assistir e a apoiar-me. Foi das poucas provas que o meu pai teve a oportunidade de ir ver, e o facto dele estar lá a dar-me apoio e ter ganho a corrida foi incrível”, afirmou Flávio Fernandes.
Olhando para o percurso da prova, qual é a grande dificuldade? “A grande dificuldade para mim é aquela pequena subida, mas inclinada perto da capela de Santo Amaro… Foi aí que ataquei. Mas também não podemos esquecer todo o empedrado e caminhos estreitos que o percurso tem”, referiu Flávio Fernandes, que salientou que fazer esta prova “é fundamental estar bem fisicamente, mas acho que o mais importante é estar habituado aquele tipo de terreno, que exige um tipo de pedalar diferente para suportar toda aquela vibração sem que a bicicleta ressalte. Conhecer o percurso também é importante, mas apenas para saber quais os momentos em que é necessário estar na frente”.
“SER DE RORIZ FOI MUITO IMPORTANTE PELO APOIO QUE RECEBI EM TODAS AS CURVAS”
Ser de Roriz ou pelo menos da zona é importante para se fazer bem esta corrida? “No meu caso acho que foi muito importante pelo apoio que recebi em todas as curvas do percurso”, referiu o ex-ciclista da ACR Roriz, que lembra que “podia ter aproveitado o facto de ser daqui para fazer o percurso mais vezes, mas se me recordo bem, só o fiz na manhã da prova de carro com o meu pai e de bicicleta alguns momentos antes da partida. Os meus colegas chegaram a ir fazer treinos de equipa no percurso, mas eu não consegui ir”.