O Artigym, Clube de Ginástica de Braga, está preparado para regressar aos trabalhos presenciais “com todos os cuidados e seguindo todas as regras”, como garantiu Rui Martins, presidente e treinador do clube.
O Artigym, que antes da pandemia contava com mais de 300 atletas nas várias disciplinas da Ginástica, tem mantido os treinos online e pretende “em função da evolução da situação e do estado dos atletas” entrar em competições que se vierem a realizar: “depois de avaliarmos o estado dos atletas e analisar o calendário competitivo, o que se confirma ou não, vamos traçar os objetivos para as provas e encontros em que venhamos a participar. A ideia é sempre tentar fazer o melhor possível…”.
Rui Martins explica que “o importante é que os ginastas possam fazer aquilo que gostam e ter os seus momentos de teste, para tirar referências para os treinos. Não aspiramos a mais do que isso. Todas as provas e encontros são momentos em que os atletas vão testar o que trabalharam e ver o que precisam de melhorar” e adiantou: “não aspiramos a mais do que isso. Todas as provas e encontros são momentos em que os atletas vão testar o que trabalharam e ver o que precisam de melhorar”.
UM CLUBE A RECEBER GINASTAS HÁ OITO ANOS
O Artigym, Clube de Ginástica de Braga, vai para sua oitava época. Rui Martins lembra que “surgiu basicamente de um projeto que já existia no Agrupamento de Escolas do Alberto Sampaio, no âmbito do Desporto Escolar há mais de 30 anos”. Aliás “foi lá que comecei o meu trajeto, eu e alguns dos meus colegas. Fizemos lá o secundário, fomos para o ensino superior na área do desporto e quando terminamos a nossa formação, acabamos por regressar a casa e percebendo a grande procura que existia na cidade na modalidade, tentamos dar uma resposta, até porque o Desporto Escolar tem um limite de alunos que se pode inscrever”.
Impulsionados pela professora Fátima Matos e António Peixoto, Rui Martins e os seus colegas “decidimos criar o clube para tentar dar uma resposta à procura”, desde então “o clube foi crescendo e antes da pandemia tínhamos mais de 300 atletas”.
TRABALHO APRESENTADO É CARTÃO DE VISITA
É fácil cativar jovens para as ginásticas? “Não é difícil, não temos tido problemas com a captação de jovens”, disse Rui Martins, que explicou: “a ginástica quando é bem trabalhada, e apesar de ser uma modalidade exigente do ponto de vista físico e psicológico, é muito gratificante. E a verdade é que até aqui não conseguimos dar resposta à procura que existe na cidade. Felizmente nunca tivemos necessidade de fazer um trabalho de captação”.
“O trabalho que vamos apresentando, os festivais que realizamos, e que chegam a levar mais de duas mil pessoas, já consegue fazer com que o interesse desperte e as pessoas vem ter connosco”, disse Rui Martins, que lembrou que “também temos um protocolo entre o clube e Desporto Escolar e que permite aos jovens poderem evoluir mais”.
O Artigym tem, atualmente, duas perspetivas de trabalho: “a Ginástica tem a mais-valia de ter seis, sete disciplinas competitivas, mas tem uma que não é competitiva e que se dedica ao espetáculo, que é onde a maior parte dos ginastas fazem a sua prática. O trabalho feito no registo do espetáculo é o que tem maior procura”.
Certo é que “a ginástica é tão exigente nas disciplinas competitivas como nas não competitivas”, por isso “os atletas chegam ao clube e entram num contexto de formação, têm algumas experiências de competição ou pré-competição ou simuladas e na vertente do espetáculo. Depois decidem onde e como querem investir mais tempo e procuramos sempre ter uma resposta que vá ao encontro dos atletas”.
“Temos ginastas há muitos anos connosco e que ainda se mantêm. Foram passando por diferente de registos de treino em função do seu trajeto pessoal. Temos ginastas na competição, que decidem parar porque estavam com mais dificuldades na sua vida académica, pessoal e que depois regressam”.
“TENTAMOS DAR RESPOSTA ÀS CAPACIDADES DE CADA UM”
A Ginástica não é uma modalidade propriamente fácil? “As pessoas têm a ideia que não é uma coisa fácil, mas tem o mesmo grau de exigência de todas as outras modalidades. Nós no Artigym tentamos dar resposta às capacidades de cada um para que o atleta possa encontrar aquilo que procura e se mantenha”.
O Artigym, Clube de Ginástica de Braga, ‘nasceu’ no Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio e por lá se mantém… “Temos um protocolo com a escola. Os nossos técnicos, que são todos da área da ginástica, alguns dão apoio ao Desporto Escolar e isso permite-nos ter e dar informações às escolas. Partilhamos o material e treinamos no espaço da escola, mas não temos um espaço de treino específico e esse é o nosso problema mais preocupante para o desenvolvimento técnico dos ginastas mais avançados”.
Rui Martins salienta que “o protocolo com o Agrupamento de Escola Alberto Sampaio funciona muito bem e os mais beneficiados são as crianças e jovens, que têm aqui a oportunidade de praticar a modalidade desportiva que mais gostam”, mas com o tempo e o crescimento da procura o clube precisa de mais…
FALTA DE UM ESPAÇO PRÓPRIO
“Temos de levar em consideração: o número de ginastas e atletas que fazem ginástica da escola; e a especificidade da modalidade” e exemplificou: “um nadador que queira chegar mais longe, se não tiver todas as condições de piscina, dificilmente consegue acompanhar os seus colegas que as tenham. Esse é o principal problema que temos nom momento. A população de Braga não tem um sítio onde fazer ginástica com as condições ideais, principalmente, na iniciação. Precisávamos de uma sala ou centro de treino especializado, isso iria trazer condições de segurança maior do ponto de vista de aprendizagem. Materiais diferentes, específicos…a aprendizagem seria completamente diferente”.
Rui Martins referiu que “nós vamos fazendo estágios e percebemos o quão condicionados estamos em termos de aprendizagem por não termo um espaço de treino” e adiantou “entre o clube e o Desporto Escolar a Ginástica envolve 500 atletas. O Agrupamento de Escola tem sido um apoio fundamental, mas o facto é que não ter um espaço de treino põe em causa o trabalho”.
O clube aguarda pela construção de um pavilhão para poder fazer o seu trabalho… “desde que estes órgãos autárquicos tomaram posse que manifestaram, na pessoa da Vice-presidente Sameiro Araújo, a intenção de colmatar a nossa situação. Sabemos que não tem sido fácil, mas a Câmara tem feito um esforço significativo para encontrar a solução a médio-curto prazo. Até lá vamos procurar uma solução intermédia, tentar alugar um espaço que nos permita melhorar a capacidade de resposta e de evolução dos atletas. Para que eles possam sonhar mais alto”.
A PANDEMIA E A DESMOTIVAÇÃO
Outro dos grandes entraves à evolução dos atletas foi a pandemia. “Com a pandemia surgiram vários problemas. Ao fim de um ano de pandemia, apenas há umas semanas é que houve alguma preocupação com o desporto e com os programas de apoio. Andamos um ano a tentar sobreviver à nossa custa, pelos nossos esforços (clube, atletas, pais). Não senti qualquer preocupação com o contexto de atividade desportiva. Depois as limitações impostas, e aqui não estou a dizer que estão erradas, mas foram prejudiciais para o desporto. Logo à partida obrigou-nos a trabalhar muito tempo em contexto online e ao fim de algum tempo verificamos o inevitável… começou a aparecer o desânimo pela prática desportiva, que cresceu de uma forma como eu nunca tinha visto e isso levou a muitas desistências”.
A par das desistências: “houve, como era de esperar, uma procura inferior. Entre os atletas que saiam e os que entravam, o clube ia mantendo o número de praticantes e isso, este último ano, foi diminuindo”.
Sendo uma modalidade de baixo risco, o Artigym conseguiu retomar os trabalhos, no final do primeiro confinamento, em junho “sempre com muitas limitações, mas conseguimos trabalhar e não sentimos grandes perdas de atletas. Em janeiro o problema foi bem pior. O cenário com a pandemia complicou-se e foi aí que tivemos uma maior percentagem de desistências. De dezembro para janeiro tivemos quase tantas desistências como de março a agosto…”.
A pandemia limitou os trabalhos com os atletas, mas aumentou o trabalho para os técnicos e clube… “tem sido uma época complicada. O Agrupamento de Escolas apoiou-nos e conseguimos desdobrar em dois espaços e passamos a trabalhar em dois locais diferentes. Fomos obrigados a desdobrar as turmas, diminuir os atletas por turma, do tempo no espaço de treino e do treino efetivo. Ficamos limitados e condicionados às medidas tomadas pela escola”.
Rui Martins salienta que “desde o início assumimos uma postura conservadora e não queremos correr riscos. Numa primeira fase fizemos treinos mistos – ora no ginásio, ora online – e desta vez vamos continuar a ter os mesmos cuidados, até que possamos trabalhar à vontade”.
PARAGEM VAI DEIXAR MARCAS
Claro que esta paragem dos trabalhos normais vai deixar marcas: “acredito que quanto isto tudo acalmar os atletas que, entretanto, desistiram, vão voltar”, mas “do ponto de vista de evolução vai demorar algum tempo até chegamos ao ponto em que estávamos em março do ano passado. A rotina dos trabalhos foi quebrada. Por muito que os atletas treinem em casa, há coisas quês e perdem. Vamos ter de começar de novo e de uma forma mais condicionada. No caso Ginástica, a vertente o trabalho de ponto de vista físico é fundamental, sem trabalho é difícil conseguir ser-se competente. Esse trabalho foi-se podendo fazer à distância. A parte técnica da aprendizagem exige condições de segurança e, por isso, ficou condicionada”.
À entrada de uma nova fase – o regresso aos trabalhos – quais vão ser as prioridades?
“A grande prioridade é a mesma de há um ano: garantir que a estrutura funcione, cumprindo com todas as regras. Sempre fizemos questão de cumprir e fomos ainda mais conservadores para evitar qualquer foco de contaminação. Depois e em função da evolução da situação, vamos tentar perceber como estão os atletas e ver o que podemos fazer, em que provas podemos participar e o que podemos fazer para ajudar os atletas”.
No último ano o Artigym viu o número de atletas diminuir, mas o trabalho a aumentar: “a equipa técnica fez um trabalho incansável. Foi de uma dedicação enorme. Viu o seu vencimento reduzido, mas manteve a cabeça erguida e tentou sempre proporcionar a melhor experiência possível aos atletas, fez de tudo para manter a rotina, o trabalho e a ligação entre atletas e clube. Antes reuníamo-nos uma vez por mês, agora reunimo-nos todas as semanas para perceber o que está a funcionar e o que não funciona”.