O FC Vizela Basquetebol pretende avançar com os escalões de Sub-18 (masculinos) e Sub-19 femininos já na próxima temporada, garantiu Diogo Batista, um dos responsáveis técnicos do clube.
“Gostamos de pensar grande porque se pensarmos pequeno os passos custam mais a dar”, referiu o técnico do FC Vizela Basquetebol, que adiantou que “este ano tínhamos todos os escalões dos Sub-16 para baixo. Mas queremos mais. O primeiro passo é avançar com os escalões de Sub-18 e Sub-19, dando assim continuidade ao projeto do Basquetebol no FC Vizela”.
Diogo Batista confessou que “temos falado em ter mais qualquer coisa, mas está tudo muito incerto devido à pandemia. Por isso, vamos trabalhar para avançar com os dois novos escalões e dar uma maior visibilidade ao Basquetebol em Vizela”.
No entanto, nem tudo será fácil “com certeza teremos mais dificuldades no Minibasquete. O trabalho que estava programado para ser feito, e que passava pela angariação de jovens nas escolas, está parado. Pensamos em arrancar com ele quando tudo passar, mas é uma incógnita”.
Quanto aos restantes escalões… “haverá algumas dificuldades naquelas idades mais criticas, aqueles atletas que estando no 11.º e 12.º ano, precisam de estudar mais para os exames, e que com o confinamento perderam as rotinas, deixaram de ter de conciliar o estudo com o treino. São hábitos que se perdem e se tiverem de escolher…pode ser um problema e podemos mesmo perder alguns atletas”.
“O QUE FAZ TODA A DIFERENÇA É ESTAR PARADO UM ANO”
Para Diogo Batista este último confinamento foi mais uma ‘machadada’ do ano atípico que se viveu em termos desportivos, mas considera que o vai deixar mais marcas no desporto é mesmo a paragem dos treinos normais e da competição…
“O que faz toda a diferença é estar parado um ano. Os treinos não foram treinos, foi mais uma tentativa de manter os miúdos ativos e cativa-los de alguma forma. Atacar o treino da melhor forma possível, cumprindo sempre as regras da DGS”. De resto, “nós optamos, sempre que possível, por fazer treinos ao ar livre, tentando manter os atletas motivados e empenhados num treino bem diferente do que estavam habituados”.
O FC Vizela está no Basquetebol há muito pouco tempo e as restrições de treinos e a ausência de competição veio complicar a tarefa… “temos aqueles miúdos/miúdas que continuam a treinar motivados, não da mesma forma, mas permanecem ligados ao clube”, mas “sentimos um nível de distanciamento muito grande…no reatamento depois do primeiro confinamento, os atletas apareceram em bom número, mas depois de verem como era o treino foram abandonando. Era um treino muito individual, mais de preparação física e técnica individual, que é extremamente importante, mas não permite ao atleta perceber o que está a evoluir. Eles não percebem se estão a melhorar porque lhes falta o jogo. Eles sentem que estão a trabalhar sozinhos… não se podem avaliar e a autoavaliação e a competição é extramente importante para os atletas, ainda mais na Formação”.
A FALTA DA COMPETIÇÃO
Diogo Batista salienta que “a competição faz muito falta a estes atletas, nem que fosse dentro do treino, entre grupos mais fechados. Já não digo fazer jogos de treino entre os 12 atletas, mas em grupos de seis…algo que permitisse algum tipo de trabalho mais de jogo, de competição direta, para que os atletas pudessem sentir e ver a sua evolução, onde conseguissem por em prática o que aprendem nos treinos individuais” e adiantou: “a competição, o saber que há jogo e que vão jogar com outra equipas faz toda a diferença para motivar e cativar os jovens para o desporto”.
Com o novo confinamento, o FC Vizela viu-se obrigado, mais uma vez, a parar tudo e a reinventar-se. Se no primeiro confinamento o grupo manteve os treinos à distância, mas de forma ligada (via novas tecnologias), desta vez o plano é distinto…
“Durante o primeiro confinamento mantivemos a mesma carga horária de treinos, treinávamos via zoom…alguns em apartamentos sem poder bater a bola, mas fomos fazendo. Neste segundo confinamento decidimos fazer as coisas de forma diferente”, até porque “da primeira vez começamos com bastantes atletas a participar nos treinos e conforme ia passando o tempo íamos perdendo participantes. Temos de assumir a responsabilidade e perceber que não conseguimos passar a mensagem, nem prender os atletas aos treinos”.
Assim, “decidimos fazer diferente. Enviamos a todos o plano de treinos, que eles fazem conforme a sua disponibilidade, não têm a obrigatoriedade dos horários. São 20 minutos por dia, incentivamo-los a enviar-nos os vídeos para fazermos correções e vermos a evolução que estão a ter. Depois temos algumas conversas, algumas iniciativas, como o tal show ‘bola ao ar’, em que convidamos individualidades do Basquetebol e os miúdos podem fazer as perguntas que quiserem”.
Sente que essas iniciativas são bem recebidas por parte dos atletas? “Numa fase inicial havia um grande entusiasmo. Claro que depois as coisas começam a tornar-se repetitivas porque, no fundo, já estamos parados, longe do que gostamos fazer, há muito tempo. Mas nós temos outras iniciativas em mente…temos que arranjar sempre algo novo para os manter ligados ao clube”.
Diogo Batista considera “muito positivo o facto da FPB transmitir todos os jogos da Liga Placard e da Liga Shoiy. Assim os miúdos podem ver os jogos e depois tentamos, em grupo, conversar sobre os jogos, falar de algum lance específico. É mais uma forma de os manter ligados”.
“RETROCESSO É REAL”
A pandemia surgiu há um ano em Portugal e deste então o desporto parou. Entre confinamentos e restrições os treinos pouco mais foram do que treinos de preparação física. Diogo Batista não tem dúvidas: “o Basquetebol, como todo e qualquer outro desporto coletivo, sofreu e vai continuar a sofrer. O retrocesso é real. Para o FC Vizela o retrocesso não é tão grande porque não tínhamos chegado tão longe. Estávamos a começar. Mesmo assim temos um longo trabalho pela frente, mas é certo que queremos continuar a trabalhar. Nós nunca paramos. Eu, todos os treinadores e direção do FC Vizela queremos que os atletas se mantenham ligados ao clube e ao Basquetebol. Claro que as ambições que tínhamos para esta época já não vão ser as mesmas, mas vão ser mais arrojados porque sabemos que o trabalho vai ser maior“.
“Não podemos virar a cara à luta, temos de continuar a cativar os miúdos, criar-lhes o ‘bichinho’ do Basquetebol”, disse Diogo Batista, que garantiu que o FC Vizela “tem um grupo de treinadores ambiciosos, está a apostar na Formação dos jovens e agora precisamos de ter os recintos abertos para podermos treinar e fazer movimentar os jovens”.
Diogo Batista reconhece que “neste momento não dá, o evoluir da pandemia levou a tomar medidas para proteger a saúde, que está em primeiro lugar, mas numa fase inicial da época as coisas podiam ter corrido de outra maneira, mesmo nos escalões de Formação… e isso deixa-nos tristes”.
O FC Vizela, a exemplo da maior parte dos clubes, perdeu este ano alguns atletas… “nós acabamos a época com 56 inscrições e 46 atletas a treinar. Neste momento, temos cerca de 30 inscritos e pouco mais de 20 comprometidos com o Basquetebol e que querem continuar a jogar. Acredito que mesmo os atletas que, entretanto, se afastaram regressem quando tudo isto normalizar. De resto, também temos sido abordados por alguns jovens que mostram interesse em ingresso no clube”.
Para Diogo Batista o importante “era que o desporto pudesse regressar o mais rapidamente possível. Se vamos esperar até setembro para abrir o desporto então as coisas ficam muito difíceis e mesmo para as crianças é muito tempo parado, muito tempo em casa. Era importante fazer-se algumas coisas, haver treinos abertos. Temos a expetativa de se poderem realizar torneios de verão, de 3×3, qualquer tipo de competição para que os miúdos se movimentem e ganhem, novamente, o gosto pelo desporto, pelo Basquetebol”.
UM CONCELHO A APOIAR O BASQUETEBOL
Para este projeto do Basquetebol, vocês têm sentido o apoio da população e das entidades de Vizela?
“Felizmente fomos bem acolhidos pela população de Vizela. Ficaram satisfeitos por haver mais uma opção desportiva no concelho e já nos vão identificando. Também fomos muito bem recebidos pelo clube, que nos apoia, dentro das suas limitações, e têm estado a 100 por cento connosco. Dão-nos liberdade e estão sempre dispostos a ajudar”, disse Diogo Batista, que salientou: “o apoio da Claque do FC Vizela. Ando nisto há 20 anos e nunca tinha visto a claque do clube ir aos jogos de Basquetebol apoiar. Também a imprensa local tem sido inexcedível. Por fim, temos de agradecer o apoio da Câmara Municipal. Depois de um primeiro ano a fazer jogos fora de Vizela, porque os pavilhões não tinham condições para o Basquetebol, este ano as coisas já iam ser diferentes. Precisávamos de tabelas e elas já lá estão. Têm estado atentos às nossas necessidades, claro dentro das suas possibilidades”.