“No fundo o nosso grande objetivo é apoiar os clubes, é trabalhar para criar condições para haver mais patinagem, mais clubes e atletas a praticar as várias vertentes da patinagem” foi assim que José Paulo Matias, presidente da direção da Associação de Patinagem do Minho, começou por abordar os desafios para o novo ano.
José Paulo Matias foi eleito presidente da Direção da APM em dezembro e regressa a um lugar que conhece bem: “cumpri três mandatos seguidos à frente da Direção da APM. Na altura decidi parar e dar lugar a outros, mas mantive-me sempre ligado à associação (foi presidente da Assembleia Geral). Agora regresso noutras circunstâncias, com outros desafios. Espero ter algum sucesso nas intervenções que vou ter. Sei, pelas circunstâncias que vivemos, que vou encontrar mais dificuldades que nos mandatos anteriores”.
“ACREDITO QUE PODEMOS DAR A VOLTA E RELANÇAR A PATINAGEM”
“O atual momento diz-nos que o que pretendemos fazer vai ser um enorme desafio. A pandemia veio por tudo de ‘pernas para o ar’, mas acredito que podemos dar a volta e relançar, novamente, a patinagem no Minho”.
Em termos de futuro e de competições “está tudo, para já, em ‘stand by’ porque a pandemia não nos deixa fazer previsões”, disse José Paulo Matias, que deseja regressar o mais cedo possível “à atividade e deixar de trabalhar apenas com a cabeça”.
TORNEIO JORGE COUTINHO
A APM tem programado o Torneio Jorge Coutinho para o escalão Sénior, que deveria arrancar no final do mês: “o torneio tinha como objetivo o regresso à competição de alguns atletas porque nele podiam participar atletas Seniores, Juniores e até três atletas de Sub-17. Isso iria permitir integrar os jogadores mais velhos da Formação nesses jogos, dar competição a atletas que estão sem jogar desde março”.
Atendendo ao evoluir da pandemia e à entrada em vigor das novas restrições…“tivemos de adiar as inscrições e o início do torneio. A ver se o conseguimos levar a efeito em fevereiro e dar assim alguma competição aos atletas e aos clubes”.
CAMPEONATOS REGIONAIS EM EQUAÇÃO
Em dúvida está ainda o arranque dos Campeonatos Regionais e Nacionais. A Federação Patinagem de Portugal e algumas associações regionais tinham avançado com o compromisso de realizarem os Campeonatos Regionais até oito de março para que se pudessem depois realizar as provas nacionais.
José Paulo Matias refere que “com esta nova paragem não me parece que seja possível realizar os Campeonatos Regionais até essa data. Espero que ainda seja possível organizar os Campeonatos Regionais, era importante para a modalidade, para os clubes e atletas. Mas a realizarem-se será mais para haver competição e encontrar o Campeão Regional, não com o objetivo de se apurarem para os Nacionais. A não ser que as provas nacionais se realizem durante as férias. Enquanto vivermos esta situação de incerteza e imprevisibilidade com a pandemia não podemos ter uma previsão de quando podemos arrancar com a competição”.
“SABEMOS AS DIFICULDADES QUE OS CLUBES TÊM ”
A atual situação, que tem impede desde março os treinos normais e a competição, tem colocado os clubes em situação muito delicada. José Paulo Matias confirma que “temos sentido as dificuldades dos clubes. Alguns estão em falta com a APM, mas nós temo-nos reunido com eles no sentido de encontrar soluções, de alargar os prazos” e adiantou que “sabemos as dificuldades que os clubes têm, pois não têm receitas. Os pais não levam os miúdos aos treinos e, portanto, não pagam as mensalidades. Esta pandemia afeta a evolução da modalidade e coloca os clubes em grandes dificuldades”.
A Patinagem sofreu, como qualquer modalidade coletiva, um grande abandono de atletas desde que a pandemia surgiu e José Paulo Matias diz-se muito preocupado em relação ao futuro.
“O QUE MAIS ME PREOCUPA É O FACTO DOS MIÚDOS PODEREM ABANDONAR A MODALIDADE”
“O que mais me preocupa é o facto dos miúdos poderem abandonar a modalidade. É eles ganhar outros hábitos e que amanhã seja difícil de os trazer, novamente, para o desporto e, neste caso, para a Patinagem”.
José Paulo Matias salienta que “desde março já sentimos e muito o abandono dos miúdos, por medo dos atletas ou dos pais, porque os treinos são incertos e diferentes do que estavam habituados, porque não há competição, etc. Depois de tudo isto passar temos de nos reinventar para conseguir encontrar formas de cativação dos miúdos e os trazer, outra vez, para a modalidade”.
PATINAGEM ARTÍSTICA EM CRESCIMENTO
A Associação de Patinagem do Minho registou nos últimos um aumento significativo de clubes e atletas na Patinagem Artística. Atualmente “temos mais atletas de Patinagem Artística do que no Hóquei em Patins. É uma modalidade que pôde manter os treinos individuais até aqui, mas ainda não sabemos se vai ter competição. E a verdade é que a competição faz falta, é importante para o desenvolvimento e a evolução dos atletas. Sem competição os atletas perdem o interesse e também aqui se pode assistir a algumas desistências”.
A Associação de Patinagem do Minho é hoje uma das potencias da Patinagem Artística a nível nacional: “tem crescido imenso não só em termos de número de atletas e clubes, como também em qualidade. Já começamos a ter Campeões Nacionais. No plano apresentado recentemente para a Patinagem Artística, o Minho vai receber três provas a nível nacional. É a APM a afirmar-se no calendário nacional. Claro que tudo depende da evolução da pandemia, mas vamos acreditar que tudo vai melhorar rapidamente”,
Com a Patinagem Artística a Associação de Patinagem do Minho alargou ainda o seu raio de ação… “há uns anos estávamos representados em 12/13 localidades do Minho, com a Patinagem Artística já estamos representados em 22 localidades. Temos chegado a mais localidades e isso é muito importante e positivo”.
PATINAGEM DE VELOCIDADE: “É UM DESAFIO QUE TEMOS PELA FRENTE”
Já a Patinagem de Velocidade começa agora a dar os primeiros passos. A vertente da Patinagem não tem uma grande expressão no norte, disputa-se mais no Açores e Algarve. No Minho dos primeiros clubes a avançar com a vertente foi o Desp. Monção, começando agora a surgir noutros clubes.
“A Velocidade é um desafio que temos pela frente. A sua implementação está numa fase muito inicial e ainda não conta com competição. Queremos implementar a modalidade, já temos uma pessoa na Direção vocacionada para essa área e vamos ver se conseguimos também fazer aparecer as corridas de patins. Na área da Galiza pratica-se bastante a Patinagem de Velocidade e podemos ter aqui uma possibilidade de intercâmbio com os galegos”.
“VAI SER UM MANDATO DESAFIANTE”
José Paulo Matias, eleito em dezembro, está consciente do trabalho e dos desafios que o esperam. Relançar a Patinagem, depois da pandemia ter destruído parte do trabalho realizado nos último anos, é a principal meta.
“Vai ser um mandato desafiante. Espero, sobretudo, que tenha condições para começar a trabalhar e que possamos ter um pouco mais em atividade. Para já só podemos trabalhar com a cabeça, pensar no que podemos fazer para evitar o desânimo. Estou convencido que em breve podemos retomar uma certa normalidade” disse José Paulo Matias, que acrescentou que “neste momento a prioridade é a saúde, é seguir as regras que nos foram transmitidas. Depois teremos tempo e muito trabalho para relançar a Patinagem”.