“O confinamento competitivo já trouxe consequências nefastas à Formação. Os atletas sem competição não veem com grande motivação a prática desportiva regular e o que temos assistido é a uma redução grande de atletas. Agora com este novo confinamento total, em que os atletas não podem sequer treinar, não sabemos bem o que esperar”, disse Carlos Dias, coordenador técnico do Voleibol do SC Braga, a propósito das medidas anunciadas com o novo confinamento.
As equipas da Formação, até impedidas de competir e limitadas aos treino individualizado, não podem agora treinar. Os Pavilhões vão estar fechados, exceto para os clubes da I Divisão, e sem tempo determinado para o fim do confinamento os clubes temem uma redução ainda maior de atletas, bem como perder o trabalho que foi feito até aqui…
Carlos Dias diz compreender as medidas “temos de proteger o SNS, o número de mortes e novos contágios está a aumentar e a saúde é um bem maior que temos de salvaguardar”, mas “este novo confinamento não é nada positivo para a atividade desportiva”.
“CONTÁGIOS NÃO SÃO FEITOS ATRAVÉS DA ATIVIDADE DESPORTIVA
De resto: “os contágios não são feitos através da atividade desportiva, muito menos, na Formação, onde se cumprem escrupulosamente as medidas de higiene e segurança. Os contágios estão na atividade social, com as atitudes socialmente desreguladas, sem uso de máscara, desinfeção das mãos e distanciamento”.
“Nos clubes, e falo pelo meu, temos planos de contingência e mitigação contra o Coronavírus, portanto, os problemas de contágio não passam pelos clubes, pela atividade desportiva nos clubes” disse Carlos Dias, que adiantou que “compreendo que é preciso tomar medidas porque o número de mortos, de novos contágios e internados é elevadíssimo”, mas “não sei até que ponto estas medidas soltas terão efeito. O que vemos é que estamos sempre a regressar ao estado inicial. Não há um avanço para resolver esta questão. Todos nós temos de seguir as regras de etiqueta sanitária para combater esta situação sem causar mais danos”.
Reafirmando que “não é o desporto que está a causar os picos de contágio da pandemia. Os clubes têm feito o seu trabalho na prática da mitigação do vírus”, Carlos Dias acrescentou que “não compreendo como as escolas podem manter a sua atividade e depois o desporto jovem, mesmo em contexto de treino, não pode acontecer”.
MANTER O CONTACTO COM AS ATLETAS
Para este segundo confinamento, e a exemplo do que aconteceu no primeiro, o SC Braga vai tentar manter o contacto com as atletas: “vamos tentar manter o contacto de treinadores/atletas, manter os treinos individualizados, vamos tentar com que não percam o que foi conseguido até aqui. O confinamento é obrigatório, temos de o cumprir, mas temos a noção que vai ter implicações nas atletas e não sabemos ainda bem quais as consequências”.
Carlos Dias lembrou que “há um bem maior a proteger, a saúde, e nessa perspetiva aceitamos a decisão, mas lembramos que o desporto é saúde. Parar é morrer, portanto temos que nos mexer e fazer exercício físico. Por isso, esta paragem das atividades desportivas não me parece uma boa medida”.
“Não é muito positivo tomar medidas de corte de treinos, ainda mais quando as atividades desportivas são saudáveis e são controladas. Não é pelas atividades de treino que se faz a transmissão do vírus” referiu o coordenador técnico da Formação do SC Braga.
“FORMAÇÃO VALE PELA SUA REGULARIDADE”
Carlos Dias lembrou que “os projetos de formação valem pela sua regularidade pelo seu equilíbrio. Os atletas tornam-se mais competentes, desenvolvem as suas capacidades com a continuidade do treino. Esta indefinição ajuda à saída de atletas, desmotiva-os e leva a um certo descontrole da sua formação. Claro que podemos pensar que há um bem maior, que é a saúde pública, mas há medidas que a serem tomadas causam maiores prejuízos”.