“O grande objetivo é mesmo competir para que os miúdos continuem fidelizados à modalidade e ao clube”, disse Paulo Freitas, coordenador do Ribeirão FC Basquetebol, sobre a participação do clube no Campeonato Distrital de Sub-21 da Associação de Basquetebol de Braga.
A recém-criada competição deveria arrancar este fim de semana, com a participação do Ribeirão, Famalicense, GDAS e SC Braga, mas foi adiada devido às medidas anunciadas pelo governo e que restringe a circulação das pessoas entre concelhos.
Paulo Freitas referiu ainda que “outro dos grandes objetivos é dar competição a estes jovens, para não estarem parados. Os atletas da Formação já não têm competição desde março e treinar, da forma limitada que têm de treinar, não é motivador e acaba por afastá-los dos treinos, do Basquetebol e da atividade física”.
PAULO FREITAS: “COMPETIÇÃO É NOVA, MAS PENSO QUE SERÁ ÚTIL PARA A EVOLUÇÃO DOS ATLETAS”
O treinador dos Sub-21 do Ribeirão considera que “esta competição é nova, mas penso que será útil para a evolução dos atletas. Infelizmente são poucos jogos, mas sempre dá para que os atletas se sintam motivados, para continuarem a treinar, a manterem-se ligados à modalidade. Esta motivação é boa e penso que também é esse o objetivo da Associação de Basquetebol de Braga”.
Tem sido fácil manter os atletas ligado aos treinos nestes tempos que vivemos?
“Existe uma grande dificuldade, que penso é geral para todos os clubes da ABB e de todas as associações, que é o de manter os atletas motivados para vir aos treinos. Principalmente nos escalões inferiores, dos Sub-16, Sub-14 e Minibasquete. São escalões onde não se pode fazer um treino competitivo, não pode haver jogo e aí sentimos imensas dificuldades para os manter ligados. Eles vão deixando de vir aos treinos com regularidade, ficam desmotivados. Ficam eles, ficam os treinadores, acho que a própria modalidade em geral está desmotivada e este é o grande problema para todos os clubes e associações. Tem sido um ano muito mau”, disse Paulo Freitas.
FALTA A UNIÃO PARA MANTER ATLETAS LIGADOS À MODALIDADE
O técnico do Ribeirão salienta que “no desporto coletivo de Formação a palavra chave é União e nós, com todas as limitações que nos foram impostas devido à pandemia, não conseguimos fazer essa união. Por muito que os treinadores e clubes tentem, não conseguem promover essa união porque não haver brincadeiras conjuntas, não conseguimos fazer um treino conjunto e os miúdos nem sequer conseguem conviver uns com os outros. E é isso mesmo que faz falta na Formação e, em especial, nos desportos coletivos. Uma das principais motivações para os miúdos não faltarem aos treinos é o estarem com o grupo, estarem todos juntos e participarem nas brincadeiras…agora não é possível e acabamos por perder atletas. Este está a ser um ano muito difícil”.
O Ribeirão receia perder muitos atletas? “Nós temos muito medo de perder atletas. Temos conseguimos falar com eles para os tentar motivar a continuar, mas as perguntas são sempre as mesmas: Paulo porque não podemos jogar? Tento responder de uma forma simples e correta, mas não é fácil dizer a uma criança de 10-12 anos que não podemos fazer jogo, que não podemos tocar-nos, quando isso é que nos liga e quando elas vêm aos treinos porque sentem uma ligação com colegas, treinadores. Acho que vamos perder muito nos escalões de Formação. Não digo que é impossível de recuperar com o tempo, mas vai demorar muito tempo, vão existir muitas desistências e, se calhar, não só nos atletas, mas também de clubes”.
ADIAMENTO DO ARRANQUE DO CAMPEONATO DESAGRADA
O Ribeirão recebeu a notícia do adiamento do arranque do Campeonato Distrital de Sub-21 com algum desagrado…. “nós estamos ansiosos por começar a jogar. Conseguimos chamar ao clube atletas que estavam parados, conseguimos motivá-los a vir aos treinos, que se fidelizassem à modalidade e ao clube e agora vemos, mais uma vez, o campeonato adiado. É mais um problema, estamos a falar de miúdos de 18, 19 e 20 anos que quere jogar, que estão parados há tanto tempo e que com estes adiamentos podem acabar por abandonar”.
Paulo Freitas considera que é preciso fazer-se algo para que a modalidade não ‘morra’, para que a Formação continua a ser uma realidade em Portugal… “espero que a Federação Portuguesa de Basquetebol e o Estado consigam fazer algo diferente, que seja motivador e dê um novo impulso aos clubes e às modalidades amadoras, que estão a sofrer bastante com toda esta situação”.
“TREINO COMPETITIVO É FUNDAMENTAL”
Paulo Freitas é da opinião que se o treino conjunto fosse permitido em todos os escalões “não se iriam perder tantos atletas e seria mais fácil retomar a competição. Os miúdos preferem o treino competitivo e é assim que eles ficam agarrados à modalidade e ao clube. O treino competitivo é fundamental e motivador para os jovens”, até porque “sem estes treinos vamos assistir a um retrocesso enorme da evolução dos atletas. O Ribeirão, por exemplo, tinha um grupo de atletas muito interessante, cinco deles estavam convocados para representar a Seleção da ABB na Festa do Basquetebol. Claro que ficaram desmotivados por não irem e vamos perder talentos, atletas com grandes capacidades na modalidade e que se vão perder…O treino competitivo e a competição fazem muita falta a estes jovens. Para treinarem quase sozinhos, sem qualquer tipo de competição, acabam por ficar em casa. Isso não é bom para eles, para a sua saúde, nem para a modalidade e o desporto perde muito com esta situação”.