Beatriz Pereira, ciclista de Famalicão que veste as cores do Bairrada, é uma das promessas no ciclismo feminino em Portugal. A atleta de 16 anos já conquistou pódios no BTT, Pista e Estrada e é uma das atletas seguidas com atenção pela Seleção Nacional de Estrada.
Beatriz Pereira iniciou-se no desporto na Dança, tendo feito Ballet entre outros estilos, mas aos nove anos o ciclismo, depois de uma experiência no BTT, conquistou-a. Hoje a ciclista famalicense é uma das esperanças no ciclismo feminino português.
BEATRIZ PEREIRA “COMO JÚNIOR DE PRIMEIRO ANO QUERO FAZER O MEU MELHOR”
Beatriz Pereira parte para a nova época determinada em fazer o melhor possível e tentar chegar aos pódios…
“Como Júnior de primeiro ano o meu objetivo passa por fazer o meu melhor em todas as corridas e procurar chegar aos pódios”, começou por referir a jovem de Famalicão.
Até ao momento da suspensão das provas, Beatriz Pereira teve apenas a oportunidade de correr na Pista, tendo conquistado resultados de destaque. Foi segunda nos 500m e terceira em Scratch na Taça de Portugal de Pista, tendo conquistado ainda dois terceiros lugares nos Campeonatos Nacionais de Pista (Scratch e Corrida por Pontos).
“GOSTO MUITO DE PISTA”
A correr na Pista pelo terceiro ano consecutivo, Beatriz Pereira confessa que “gosto muito de Pista. Ainda não tenho muita experiência e sei que ainda tenho muito a aprender nesta vertente, mas agrada-me. Este foi o terceiro ano que fui para a Pista, mas como não há muitas corridas não temos forma de evoluir muito rápido. Depois dá sempre vontade de fazer mais corridas”.
Curiosamente Beatriz Pereira entrou para o ciclismo pelo BTT XCO, uma vertente bem diferente que lhe agrada, tanto que na hora de dizer qual é a sua preferida confessa “é uma escolha difícil”, mas “diria que é a Estrada. Aliás deixei o XCO em Juvenil para me focar na Estrada e na Pista”.
DA DANÇA PARA O BTT
Beatriz Pereira entrou para o ciclismo aos nove anos, depois de ter estado quatro anos na Dança, onde fazia Ballet e outros estilos…
“Entrei para o ciclismo um bocadinho de paraquedas. Fiz Dança desde os meus cinco anos, ballet e outros estilos. Mas aos nove através de um vizinho surgiu a oportunidade de entrar no Centro Recreio Camiliano para começar no XCO. Eles falaram com os meus pais e um bocado contra a vontade deles lá comecei a fazer as minhas primeiras corridas, como Iniciada de segundo ano”, disse a jovem famalicense, que acrescentou que “apaixonei-me logo pela modalidade. Na minha primeira corrida, fiz logo um terceiro lugar e começou a despertar o meu lado mais competitivo. Nesse ano fui Campeã Regional Minho no XCO e tive o meu primeiro contacto com a estrada”.
Durante algum tempo Beatriz Pereira ainda conseguiu conciliar o BTT com a Dança, mas depois teve que optar: “durante algum tempo fiz as duas modalidades, mas abandonei o ballet porque como tinha que andar com a bicicleta à mão no BTT fazia muitas entorses, que eram impossíveis manter no ballet. Mas o ballet ensinou-me muito sobre disciplina e é um desporto muito exigente, passamos muitas horas a corrigir pequenos pormenores. E isso ajudou-me muito no ciclismo, o que está no plano é para cumprir, não importa se não nos apetece, se o dia nos correu mal ou etc. E também que o ganhar está nos pormenores da corrida nos pequenos ataques e em cada curva”.
“GOSTAVA DE CORRER NUMA EQUIPA ESTRANGEIRA”
No ciclismo Beatriz Pereira, confessa, gostava de chegar longe: “ainda é muito cedo para saber até onde posso ir, por causa da escola e mesmo do ciclismo, mas gostava de um dia correr numa equipa estrangeira”.
Para já a ciclista de Famalicão tem conseguido conciliar o ciclismo e os estudos “há alturas em que é mais fácil conciliar as duas coisas do que outras. Seja como for os estudos vêm sempre em primeiro”. Até porque Beatriz Pereira já anda no 11.º ano e pretende seguir a área de ciências “já vão surgindo algumas ideias. Sem dúvida que queria algo ligado à ciência, à medicina ou ao alto rendimento desportivo. São tudo áreas que me agradam bastante”.
“O BAIRRADA É COMO UMA SEGUNDA CASA”
Beatriz Pereira vai para o seu terceiro ano ao serviço do Bairrada, depois de ter envergado as cores do CRC (Centro Recreio Camiliano). A atleta lembra como foi parar ao clube do centro: “no final da minha época como juvenil de segundo ano recebi propostas de algumas equipas, inclusive do Bairrada. Optei pelo Bairrada e gosto muito de cá estar, por todo o apoio que me é dado, hoje em dia já sinto que o Bairrada é como uma segunda casa. Sou muito grata por todo o staff e colegas de equipa que já passaram por mim, e ao Henrique que nos apoia em tudo”.
Beatriz Pereia faz a maior parte da sua preparação em Famalicão, onde mora, mas refere que “vou muitas vezes à zona na Bairrada para trabalhar com a equipa, ao velódromo e a estágios da seleção”, por isso “sinto-me completamente integrada na equipa e eles são uma segunda família”.
“ESTOU A TRABALHAR MUITO DURO”
Adepta de “corridas mais duras e longas e de subidas”, Beatriz Pereira não teve hipótese de participar em qualquer prova de Estrada esta temporada, já que as provas foram suspensas devido ao Covid-19, por isso “é difícil saber se estava, realmente, preparada para a nova aventura, agora em Juniores. Este ano ainda não fiz nenhuma corrida de Estrada, mas estou a trabalhar muito duro como sempre para obter os melhores resultados. Tenho a certeza de que o nível será alto em todas as corridas e isso dá menos espaço para erro”.
“ESTOU A LIDAR COM TUDO ISTO COM TRANQUILIDADE”
A ciclista de Famalicão está a viver o atual momento com todos os cuidados, embora não tenha alterado muito a forma como se prepara: “treino sozinha quase todos os dias e, normalmente, apenas tenho competição uma ou duas vezes por mês, por isso, estou a lidar com tudo isto com tranquilidade. A minha motivação passa por me sentir mais forte e bem preparada e não apenas focada na competição. É óbvio que espero que isto acabe o mais rápido possível para voltar ao ritmo normal até lá apenas saio de casa para treinar sempre sozinha e sem paragens”.
Com alguns anos no ciclismo, Beatriz Pereira já viveu muitos momentos altos, mas tem um que a marcou de uma forma especial “o meu 15.º lugar no Festival Olímpico da Juventude Europeia” e explicou “corri no dia do meu aniversário e apesar da queda e de um percurso não muito ao meu jeito, consegui um lugar no primeiro grupo ao lado das melhores. Esse resultado faz-me sonhar e acreditar na possibilidade de um futuro no ciclismo”.