VOLEIBOL

AVC Famalicão “com balanço extremamente positivo”

“O balanço é extremamente positivo”, foi assim que Vítor Oliveira, treinador da equipa sénior do AVC Famalicão, se referiu à época que foi dada como encerrada na quarta-feira pela Federação Portuguesa de Voleibol.

O conjunto famalicense apurou-se para o Playoff da I Divisão de Elite e esteve na Final Four da Taça de Portugal.

“Esta foi a época mais equilibrada dos últimos 20 anos. Havia muitos clubes com excelentes jogadoras, equipas que fizeram grandes apostas e nós tínhamos uma equipa limitada, composta por muitas meninas da nossa formação e mesmo assim conseguimos ficar no grupo dos clubes apurados para o Playoff da I Divisão de Elite e fomos à Final Four da Taça de Portugal” referiu Vítor Oliveira, que adiantou que “foi uma época a nível competitivo muito positiva e ainda por cima correu muito bem a nível de grupo, que era muito bom”.

ÉPOCA INTERROMPIDA

Quando se preparava para defrontar o AJM/FC Porto para o Playoff da I Divisão de Elite e lutar pelo título de Campeão Nacional, surgiu a pandemia do coronavírus e tudo ficou suspenso. Na quinta-feira a Federação Portuguesa de Voleibol decidiu dar por encerradas as competições seniores. Vítor Oliveira considera que “esta era a decisão mais justa para não se pôr em causa a verdade desportiva. Não havia condições para se regressar agora aos treinos. As nossas atletas estrangeiras já têm viagens marcadas para regressar aos seus países e o nosso pavilhão funciona como retaguarda do hospital de campanha, como acontece com muitos outros”.

Claro que “acabar assim a época deixa um sabor amargo porque nós tínhamos a possibilidade de lutar pelo título de Campeão Nacional. Por mérito próprio conseguimos o lugar no Playoff da I Divisão de Elite e não podemos discutir o título”.

Apesar de impedido de lutar pelo título de Campeão Nacional, o AVC Famalicão vai disputar a Supertaça, que em setembro vai realizar-se com quatro equipas…

“Foi uma boa surpresa… Não estávamos à espera, mas é uma decisão justa e que recebemos com agrado. As atletas ficaram satisfeitíssimas. A grande maioria delas são muito novas. Com 19 anos, e depois de já terem estado na Final Four da Taça de Portugal, vão agora disputar a Supertaça. São jogos que todas as atletas sonham jogar e uma grande parte delas não têm possibilidades de lá chegar. As mais velhas do plantel já estão habituadas e querem lá estar porque a sua ambição não tem limites. Foi uma notícia que deixou toda a gente feliz”.

ATLETAS COBIÇADAS…

O AVC Famalicão é composto por um grupo bastante forte, dentro e fora do campo. Um grupo que pode sofrer algumas baixas para a nova temporada: “temos que contar que algumas atletas vão sair. Tínhamos um grupo de atletas com muito valor e os resultados que obtidos mostram isso mesmo. Sabemos que algumas das atletas estão a ser assediadas por outros clubes, estamos, por isso, preparados para perder algumas jogadoras. Mas vamos superar essas perdas”.

Vítor Oliveira lembrou que “o ano passado saíram quatro ou cinco atletas para o FC Porto e nós reinventamo-nos e conseguimos estar na luta pelos títulos. Por isso, se este ano acontecer a mesma coisa, vamos remediar a situação. Tentaremos construir um grupo unido como aquele que tínhamos. De resto, não sabemos como vamos estar todos, se as empresas vão continuar a apoiar, se as condições são as mesmas de treino. Certo é que todos nós saímos mais frágeis desta situação”.

“CAMPEONATO VAI SER MUITO FORTE”

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Vítor Oliveira considera que o campeonato 2019/2020 foi dos mais equilibrados dos últimos anos, mas antevê um campeonato ainda mais forte para a nova época: “não acredito que em 2020/2021 tenhamos um campeonato mais fraco. O voleibol feminino está em constante erupção. Há muitas equipas a reforçarem-se muito, a mudarem os seus plantéis. O nível vai ser muito alto, muito forte. Se este ano tínhamos sete, oito equipas muito fortes, para o ano vamos ter mais, pois até as equipas da II Divisão, e que estão na luta pela subida, estão a apostar forte. Claro que só quando sairmos desta situação é que poderemos perceber se aquilo que se fala, as apostas desportivas de algumas equipas se confirmam”.

APOSTA NA FORMAÇÃO

Certo é que o AVC Famalicão vai continuar com o seu projeto de aposta na sua formação.

“O AVC Famalicão é o único que tem equipa A e B e uma delas está na I Divisão. Nas seniores jogam atletas maioritariamente formadas no clube, tal como nas Sub-21. Aliás cinco das atletas do plantel dos Sub-21 trabalham em pleno com a equipa sénior. Não jogaram muito tempo nas seniores, mas deram a sua contribuição e foram decisivas para o que foi alcançado”.

De resto “foram atletas que continuaram a dar o seu contributo às Sub-21, mas que ao treinarem com as seniores tiveram a oportunidade e a capacidade de evoluírem mais e de se superarem todos os dias. Por isso, são cada vez melhores e serão a base da equipa sénior”

Portanto, a nossa aposta vai continuar a ser na continuidade da formação e tentar aproveitar ao máximo as atletas formadas no clube”.

“É CADA VEZ MAIS DIFÍCIL CAPTAR JOVENS PARA O VOLEIBOL”

Para manter um nível elevado no voleibol feminino é preciso ter sempre atletas nos escalões de formação, mas captar atletas não é tarefa fácil em Famalicão.

 “Não é fácil captar atletas para o voleibol. Famalicão é a cidade das Associações Desportivas, existem mais de 200 desde a dança, à ginástica acrobática, futsal, futebol feminino e muitas outras. Há muita oferta e muitas delas trabalham muito bem, mas é uma dificuldade que temos tentado ultrapassar com a colaboração dos agrupamentos de escolas, entre outras coisas, fazemos visitas às escolas e convidamos atletas para a estar presentes, é uma forma de cativar as meninas para vir para o voleibol. Não é um trabalho fácil, mas que é preciso ser feito porque a formação é o pilar de todo o projeto do AVC e as seniores são a referência para estas miúdas. Se as miúdas sentirem que, se trabalharem bem, podem chegar à equipa principal e aí podem lutar por títulos é um incentivo maior para elas e é mais fácil de as manter ligadas ao clube”.

“JOVENS TÊM COMO ÍDOLOS AS ATLETAS DA EQUIPA SÉNIOR”

Vítor Oliveira lembra mesmo que “neste período de confinamento desafiamos as atletas mais novas a fazer um trabalho sobre voleibol e foi com agrado que percebemos que os ídolos delas são as atletas que jogam nas seniores, são a Vanessa Rodrigues, a Aline, etc. Dá para perceber que as atletas seniores são uma referência para elas. Ao mesmo tempo as seniores olham para trás e percebem que estão num clube que protege a formação, que faz uma aposta forte nesses escalões e que são ídolos dessas miúdas e ficam contentes”.

ATLETAS NAS VÁRIAS SELEÇÕES

O AVC Famalicão tem tido ao longo dos anos várias atletas nos trabalhos das seleções, algo bastante importante, mas pouco valorizado em certos meios…

“Ver as nossas atletas ser chamadas às Seleções Nacionais deixa-nos orgulhosos e prova que estamos a trabalhar bem e no bom caminho. É algo muito importante e que merecia ser mais apreciada por alguns meios. Merecia ter mais visibilidade. A nossa capitã, que está connosco há quatro, cinco anos, a Vanessa Rodrigues, esteve ao serviço da seleção, mas temos outras atletas e este ano tivemos uma infantil nos treinos regulares de observação, o que é muito positivo. Para o AVC é um orgulho termos atletas nos trabalhos das várias seleções”.

“PRECISAMOS DO APOIO DE TODOS ”

A época já está parada há quase dois meses e o regresso aos pavilhões está previsto apenas para finais de agosto, no regresso aos trabalhos, mas o AVC Famalicão, como todos os clubes, tem muito trabalho pela frente para que o nível do seu voleibol e do seu trabalho se mantenha alto

“Para continuarmos com o bom trabalho vamos precisar do apoio de todos. Do apoio fundamental dos pais. Vamos precisar que as empresas nos ajudem com contratos protocolares ou financeiramente. Do apoio da Câmara Municipal de Famalicão, que os treinadores e direção trabalham em conjunto para fazer face às dificuldades, que se preveem muitas depois desta situação que estamos a viver”, disse Vítor Oliveira, que adiantou que “temos que ser todos fortes e muito unidos para continuarmos com o projeto, que é gratificante. Com a ajuda de todos podemos lutar pelos nossos objetivos e melhorar todos os anos um bocadinho”.

O AVC Famalicão é, desde a sua fundação, um clube dedicado ao voleibol feminino… “essa foi a aposta desde o início” lembra Vítor Oliveira, que acrescentou que “na altura optou-se pelo voleibol feminino porque já exista o FAC, que tinha voleibol masculino e não fazia sentido criar outro clube com a mesma aposta. Depois sabemos a realidade da nossa sociedade e se apostássemos também no masculino os olhares iam muito para essa equipa em detrimento no feminino. A nossa aposta era para o feminino e fizemos bem, no meu entender, porque o AVC Famalicão é já um nome a ter em conta e o voleibol feminino tem crescido imenso”.

ATLETAS TREINAM DE CASA

Sem a possibilidade de treinar em conjunto e no pavilhão, as atletas do AVC estão a trabalhar de casa…

“Nós estamos em contacto permanente com as atletas. Na formação elas têm a indicação para fazerem trabalhos, exercícios para manter a condição física e regularmente temos uma conversa todos juntos. As atletas da equipa sénior levaram todas elas planos de exercícios físicos específicos para fazerem. Depois vamos conversando, hoje em dia com as redes sociais é muito fácil manter o contacto. Ontem quando saiu a decisão da FPV telefonei pessoalmente a cada uma delas para lhes dizer como ia ficar o campeonato”.

PLANEAR A NOVA ÉPOCA

O AVC Famalicão já está a planear a nova temporada e pretende manter todas as equipas, mas Vítor Oliveira sabe que a realidade pode ser outra porque a paragem é longa e pode levar a desistências… “Não sabemos como estaremos depois de tudo isto acabar, mas é uma situação transversal a todos os desportos. Ninguém sabe como vamos ficar e com o que contar depois. Nós estamos a planear a época e contamos manter todas as equipas, mas não sabemos se em agosto vamos ter as equipas todas, se as meninas não vão desistir. Nós temos tentado manter o contacto, fazer desafios e criar estímulos, mas é muito tempo. Estamos a planear a época junto dos encarregados de educação e vamos esperar para ver como tudo vai estar”.

REGRESSO AOS TREINOS… E CUMPRIMENTOS

Ainda sem data certa para o regresso aos trabalhos: “normalmente regressamos na última semana de agosto, mas ainda não sabemos quando vai ser e em que moldes se vai realizar a Supertaça. Também não sabemos se vamos ter condições para regressar porque os pavilhões estão reservados como retaguarda dos hospitais de campanha. Vamos aguardar para ver como vão ficar as coisas e para quando vai ser marcada a Supertaça”.

Outra das questões prende-se com as tradições do voleibol… Se parece fácil contornar o protocolo e deixar de cumprimentar os agentes desportivos presentes do jogo (adversários, árbitros…), impedir as atletas de se juntar sempre que ganham ou perdem um ponto parece mais difícil…

“Não sei como se poderá contornar esses momentos que estão tão enraizados no voleibol, nas equipas e nas atletas. É normal o juntar da equipa quando se ganha ou perde um ponto. Parece-me muito difícil que isso não seja feito… é instantâneo e já o fazem sem pensar”.

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