CICLISMO

Gaspar Silva: o diretor desportivo, massagista e apicultor com a vida em suspenso

Gaspar Silva deveria estar a fazer o balanço de mais uma participação da equipa Júnior da Tensai/Sambiental/Santa Marta na Taça de Portugal de ciclismo e a programar a participação na Clássica Aldeias do Xisto como massagista do Miranda-Mortágua. Mas a vida dá voltas e 2020 acabou trazer uma realidade bem diferente da desejada. Hoje Gaspar Silva vê a sua vida em suspenso: os ciclistas acompanha-os de longe, aos clientes que o procuram tem que dizer que não e até no seu papel de apicultor tem grandes limitações.

O pelotão de Juniores deveria estar hoje em festa, com a realização da terceira etapa da Taça de Portugal, que estava marcada para Boavista dos Pinheiros. Mas em vez da festa dos primeiros e da desilusão dos últimos, os ciclistas estão a treinar em casa e os diretores desportivos dão indicações de longe, tentando ao mesmo tempo manter os atletas motivados.

Por isso, nesta altura resta abordar a época de pista e as únicas duas provas de Estrada que se realizam no calendário de Juniores – a Prova de Abertura – Prémio Cidade de Fafe e o Prémio de Ciclismo de Barroselas.

“ESTÁVAMOS A TRABALHAR NO CAMINHO CERTO”

Gaspar Silva lembra que a Pista teve um sabor agridoce e na Estrada a Tensai/Sambiental/Santa Marta mostrou que está no bom caminho…

“Não se pode fazer grande balanço porque a época foi curtíssima. As provas de pista tiveram um sabor agridoce. A lesão do Tiago Moreira, logo no primeiro dia, abalou-nos bastante, mas, por outro lado, temos a realçar a evolução de atletas como o Leonardo Mendes e o Flávio Martins, que nos deram motivação para continuar e estivemos presentes em todas as provas, sempre com o espírito de dar o nosso melhor e proporcionar experiências aos atletas”, disse o diretor desportivo da Tensai/Sambiental/Santa Marta, que sobre a Estrada afirmou: “as provas de Estrada vieram confirmar que estávamos a trabalhar no caminho certo… ”.

Gaspar Silva salientou mesmo “a entrega dos atletas, a vontade que eles demonstraram em querer evoluir mais e corrigir alguns erros passados”.

“TEMOS VALORES BONS NO CLUBE”

A Tensai/Sambiental/Santa Marta apresentou-se nas primeiras provas do ano com uma equipa reduzida, mas Gaspar Silva acredita que com trabalho os resultados podem aparecer.

“Agora é muito incerto falar do futuro, mas se os atletas continuarem com o trabalho, esperamos atingir algumas vitórias, temos valores bons no clube. O Tiago é rápido e nas chegadas ao sprint pode alcançar vitórias, nas provas mais duras temos o Roberto Cardoso que, estando bem, pode fazer a diferença e lutar por um top 5, depois temos o Leonardo que está a evoluir muito e não sabemos até onde pode chegar. O Diogo Costa está à espera de uma oportunidade para se afirmar, mas o mais importante seria estarem todos a 100% e serem felizes a praticar ciclismo. Contamos também recuperar o Diogo Silva, atleta muito importante para o ambiente da equipa”.

PLANOS DE TREINO E MOTIVAÇÃO

Nesta altura todo o trabalho está a ser feito em casa “os atletas estão a trabalhar, temos planos de treino físico que nos foi preparado pelo Crossfit Viana, que já nos ajudam na preparação da época e agora estão a dar-nos um apoio importante na manutenção física dos atletas. Para além disso eles também vão fazendo rolos para manter a forma. Para já não podemos trabalhar de forma específica pois não sabemos quando iremos regressar à competição”.

Quanto aos dois atletas lesionados, a Tensai/Sambiental/Santa Marta recebeu uma boa notícia: “os lesionados estão a trabalhar mediante as indicações médicas. A boa notícia é que o Tiago já tem alta médica e pode trabalhar sem restrições”.

O maior problema nesta altura acaba por ser a desmotivação devido à incerteza no futuro: “a desmotivação está sempre presente, cabe-nos a nós estar atentos e lutar pelos nossos atletas, vamos comunicando todos os dias e passando motivação uns aos outros. Afastados, mas unidos para voltarem ainda mais fortes”.

CORRIDAS DEPOIS DE AGOSTO?

“NÃO É PROBLEMA PARA NÓS”

O calendário de ciclismo, entretanto, suspendo, pode vir a realizar-se numa altura pouco habitual – de setembro a novembro – e Gaspar Silva não vê qualquer problema nisso: “o facto da época se poder estender não é problema para nós, queremos competir e mostrar o nosso valor nas estradas de Portugal e alegrar todos os que nos apoiam, o povo em geral que vai para a rua ver os ciclistas”.

Esta paragem dos calendários velocipédicos e da vida tal como a conhecemos, devido ao coronavírus, prejudica a Tensai/Sambiental/Santa Marta, mas afeta Gaspar Silva na sua vida profissional, ele que é massagista, e tinha pela frente um novo desafio.

O DESAFIO MIRANDA-MORTÁGUA

“Efetivamente, esta situação afeta-me a nível profissional. Como massagista não posso atender os meus pacientes habituais e também me mantém afastado desse novo desafio, que é ser massagista da equipa de ciclismo profissional Miranda-Mortágua”, referiu Gaspar Silva, que lembrou que “ainda tive a oportunidade de ter um primeiro contacto com a equipa na Clássica da Primavera, para me ambientar e conhecer os cantos a casa”.

Esta não é a primeira experiência como massagista que Gaspar Silva tem ao mais alto nível do ciclismo português “efetivamente, já tive outras experiências, mas o objetivo no Miranda-Mortágua é um pouco diferente” e adiantou “a diferença é ser um dos dois massagistas oficiais da equipa. Isso mostra que confiam no nosso trabalho e tenho que ser mais exigente comigo mesmo. É uma equipa bastante organizada e com bastante rigor, faz tudo para que nada falte aos atletas”.

“TEM SIDO MUITO DIFÍCIL DIZER QUE NÃO A QUEM ME PROCURA”

Quanto aos pessoas que o procuram, Gaspar Silva confessa que “tem sido muito difícil dizer que não a quem me procura, as pessoas vêm ao massagista para descontrair e aliviar as dores e algumas necessitam mesmo, mas infelizmente para a segurança de todos temos que evitar o contacto. Até porque convivo diariamente com duas pessoas de alto risco, o meu pai com 84 anos e a minha mãe com 79 anos”.

GASPAR SILVA, O APICULTOR:

“HÁ SEMPRE QUE FAZER NOS APIÁRIOS”

Gaspar Silva é ainda apicultor e tal como tudo o resto sai prejudicado nesta situação da pandemia.

“É verdade ainda tenho esse lado…tenho à volta de 100 colmeias e há sempre que fazer nos apiários. Não sendo tão afetado, a verdade é que esta situação também limita e muito o meu trabalho. Os apiários requerem um acompanhamento quase diário para que tudo corra bem. As operárias não têm quarentena e contam com a nossa ajuda para a sua sobrevivência. Mas devido à limitação de deslocações evito andar todos os dias na rua e fazer a visita às minhas operárias”.

A redução das visitas pode afetar o apiário, mas Gaspar Silva tenta combater isso: “tento sempre fazer algo mais de cada vez que lá vou para evitar deslocações. No entanto, há situações que não controlamos e, estando nós na Primavera, vem a época propícia a enxameação das colmeias (multiplicação das colônias de abelhas, pela emigração de uma parte da população de uma colmeia) e não indo lá, muitos desses enxames podem-se perder e irem parar a lugares indesejados, o que nos pode dar muito mais trabalho depois”.

“VIVE-SE UM DIA DE CADA VEZ”

Gaspar Silva vê assim a sua vida em suspenso devido à pandemia que nos está a afetar a todos. Nesta altura refere que a solução é viver um dia de cada vez: “vive-se um dia de cada vez, sem ilusões. O principal objetivo é que os meus pais se mantenham saudáveis depois vou tendo sempre coisas para fazer, os meus pais têm um quintal grande e vou me distraindo na horta. Noutras alturas vou preparando material para as abelhas, fazendo manutenção no material que usamos”.

Quanto ao futuro: “o futuro está muito incerto, resta-me fazer a minha parte que é ficar em casa, manter os meus em casa e ajudar os que posso ajudar”.

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